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Pandemia: é possível começar a investir com R$ 1,00 por mês
Compartilhe:Que a pandemia pegou todos de surpresa, não é novidade para ninguém. Por conta disso, muitos brasileiros não estavam preparados financeiramente para a crise causada pelo Covid-19 e muitos resolveram repensar suas finanças. Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que 68% dos brasileiros vão poupar dinheiro depois da pandemia e 28% pretendem começar.
Para compreender melhor o momento econômico que o País está passando e trazer algumas dicas de como investir melhor começando com pouco, o portal entrevistou a consultora financeira Fernanda Simolin, que faz um balanço e dá dicas de como se relacionar com o dinheiro e dominar suas finanças. Ela está nas redes sociais como fenançascomfernanda e no https://fenancas.com/
Juliana Rangel: Ainda dá tempo de começar 2021 sem muitas dívidas?
Fernanda Simolin: Com certeza é possível! Proponho fazer o seu planejamento e orçamento financeiro listando todos os seus ganhos e gastos, nestes identificar os que possuem juros mais altos e solicitar a renegociação ou até mesmo recorrer a uma linha de crédito com juros mais atrativos, como por exemplo: se estiver utilizando o limite de cheque especial e não conseguindo pagar o valor total da fatura do cartão de crédito. O melhor é recorrer a um crédito pessoal que os juros são bem mais baixos.
É importante ressaltar que estamos passando por um cenário econômico inédito, a taxa de juros de referência do Brasil – Taxa Selic – está historicamente mais baixa, 2% ao ano, beneficiando as taxas para renegociação, financiamentos, linhas de crédito.
Importante também, ao relacionar todos os seus custos mensais, verificar o que não faz mais tanto sentido neste seu momento de vida e fazer a “faxina financeira”: negociar, reduzir ou até mesmo cancelar, podendo representar uma boa economia e aproveitar para direcionar este recurso em algo que lhe retorne mais benefícios.
Na pandemia, as pessoas passaram a poupar ou acabaram gastando mais?
Com a pandemia, o consumidor racionalizou as compras, mudou alguns hábitos econômicos e de consumo. Mas é importante ressaltar que logo no início da pandemia, em razão a esta fase de incertezas, muitas pessoas acabaram descontando ansiedades, inseguranças, frustrações e até mesmo tempo ocioso em compras impulsivas, a maioria delas pela internet, frustrando-se com a chegada da fatura do cartão de crédito, sendo o terceiro motivo de brigas entre casais.
Qual dica você dá para aqueles que querem começar a investir, mas não tem muito para começar?
Atualmente com os bancos digitais, cooperativas de crédito, boutiques e corretoras de investimentos, ficou mais fácil para investir e até mesmo super acessível, com valores mais baixos. Tem um banco digital que disponibiliza aplicação em CDB com liquidez (investimento que possui a mesma segurança da poupança) a partir de R$ 1,00! Alguns bancos, o ticket de entrada para o CDB é por volta de R$ 300,00, R$ 500,00.
Tem também a opção do Tesouro Selic, aproximadamente R$ 110,00, a Previdência Privada, pois tem bancos que o valor mínimo de abertura são R$ 100,00. Portanto, começar a investir é tarefa para ontem, basta se planejar e buscar a melhor oportunidade!
Qual o primeiro passo para buscar uma reeducação financeira?
O primeiro passo é mudar sua relação com o dinheiro, dar o devido valor a ele e romper crenças limitantes tão enraizadas em nossa cultura, como por exemplo: o dinheiro é a raiz de todo o mal, o dinheiro é sujo, mas o dinheiro simplesmente é a energia do nosso trabalho, é o resultado do seu mérito, que apenas intensifica o que a pessoa já é: a boa será ainda mais caridosa, a má será ainda pior.
Para a reeducação financeira também é necessário estar disposto a se dedicar todos os dias um pouco as suas finanças e agregar conhecimento da área. O início vai exigir um pouco mais, mas com o tempo torna-se hábito e fica “automático”.
É essencial fazer o acompanhamento diário de suas contas correntes e faturas de cartão de crédito, para a sua saúde e evolução financeira, sugiro também ler pelo menos 5 páginas por dia de livros sobre finanças, atualmente temos muitas opções com linguagem simples, descomplicada.
Como em outras áreas, em finanças também é necessária a dedicação, pois infelizmente a Educação Financeira no Brasil é escassa, não tivemos na escola e, “aprendemos na matéria da vida” – muitas vezes da forma errada. Portanto, invista também em conhecimento!
As pessoas estão tendo mais consciência da importância de saber utilizar o dinheiro?
Com a pandemia, muitos brasileiros começaram a dar o devido valor no dinheiro, a fazer compras conscientes e até mesmo dar importância em poupar para o futuro, pois muitos tiveram seus recebimentos/ salários reduzidos, ou até mesmo nem tiveram, precisando adequar-se: viver conforme sua condição financeira; gastar menos que ganha; não antecipar sonhos.
De acordo com o levantamento Retratos da Sociedade Brasileira, produzido pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), quase um terço da população (32%) afirmou que conseguiu guardar mais dinheiro ou gastar menos do que antes da pandemia.
O levantamento mostrou ainda que diante do cenário de crise e incerteza, 35% das pessoas pretendem reduzir o nível de consumo de bens e serviços em 2021 na comparação com o período pré-pandemia.
Neste novo cenário. Como as pessoas podem render o pouco que já tem guardado?
Diante ao cenário econômico inédito, a taxa de juros de referência do Brasil – Taxa Selic – historicamente mais baixa, 2% ao ano, para os investimentos conservadores, de renda fixa, não é benéfica, como por exemplo a poupança que praticamente não está performando…
Mas atenção, a poupança antiga está ok, “valendo ouro” rs, sugiro mantê-la, pois em 2012 ela foi extinta, houve a criação de nova regra de remuneração, sendo quando a taxa de juros for menor ou igual a Taxa Selic em 8,5% ao ano, a poupança rentabilizará 70% da Selic + TR.
Sendo assim, sugiro buscar melhor alternativa para realocar os recursos que estão na poupança nova, sendo de extrema importância adequar ao seu perfil de investidor, prazo que disponibiliza. Costumo dizer que o melhor investimento é “colocar a cabeça no travesseiro e dormir”, sem o estresse de estar com o dinheiro “oscilando” – alta/ baixa- como nas ações (que são indicadas para o longo prazo).
A economia mudou bastante com a pandemia. Quais os investimentos você acredita que são mais seguros para aplicar o dinheiro no próximo ano?
É fato que não existe uma receita pronta de melhor investimento, envolve vários detalhes e até mesmo o objetivo de todo investidor para obter ótimos ganhos (RENTABILIDADE), sem correr RISCOS e com a possibilidade de sacar o dinheiro a qualquer momento (LIQUIDEZ).
Juntar esses 3 elementos em uma única aplicação, atualmente, é “Missão Impossível”, será necessário “abrir mão “de um desses itens para garantir outro. E cabe a você decidir o que é mais importante. Para a sua saúde financeira é necessário estruturar a carteira de investimentos de curto (Reserva de Segurança), médio e longo prazo (aposentadoria).
A Reserva de Segurança é um investimento que deve cumprir a função de “colchão”, caso haja algum imprevisto de qualquer natureza (boa ou ruim) que envolva a necessidade, além dos gastos habituais. Essencial estar preparado para não precisar se endividar. Para formá-la é necessário que seja ativo de baixa volatilidade/ risco e alta liquidez, que seja de fácil resgate, afinal não sabe quando precisará acioná-la. O valor ideal é preciso saber quanto que você gasta no mês e poupar o equivalente de 6 a 12 vezes o seu custo mensal.
Para constituir a aposentadoria sugiro a Previdência Privada que é um tipo de investimento “não muito bem visto” no Brasil, infelizmente, em razão de alguns bancos cobrarem taxas altíssimas, mas existem ótimas oportunidades, apenas é preciso ficar atento e adequar ao seu perfil de investidor e planos.
Eu gosto, tenho e indico como um investimento para disciplina financeira, diversificação de carteira e objetivos de longo prazo, bem como um Plano de Aposentadoria sem ligação alguma com o INSS, que é garantido pelo governo, mas esse sistema público não é suficiente, precisando respaldar-se.
Para o longo prazo, como já citei anteriormente, também é interessante ações, mas atenção ao investir, pois você está comprando parte de um negócio, se tornando um sócio, então é necessário que esta empresa, o segmento faça sentido para você, importante estudar o seu histórico e solidez… não considerar apenas o preço e não seguir o “efeito manada” e comprar porque o fulano comprou, cada pessoa possui um perfil, uma necessidade, um projeto de vida. Então invista na bolsa de valores com propósito!
Para os iniciantes, qual é o investimento mais seguro?
Não apenas para iniciantes, mas para todos, o primeiro passo, o essencial é a Reserva de Segurança. Sendo assim, sugiro alguns investimentos “básicos” para compô-la, como por exemplo: Tesouro Selic: aplicação conservadora, de rentabilidade diária, são os títulos mais seguros do mercado, já que todo o investimento é feito ao Governo Federal e o risco de falência do governo é muito menor do que o de qualquer instituição financeira no Brasil.
Desconto do Imposto de Renda segue a Tabela Regressiva, que varia de acordo com o tempo que o dinheiro ficará aplicado, quanto mais tempo, menor a alíquota. A sua rentabilidade anual corresponde a 100% da taxa Selic do período. Portanto, o rendimento mensal equivale a sua divisão pelos meses do ano. O Tesouro Selic é comercializado pela B3 – Bolsa de Valores, e é conhecido por ser um tipo de investimento simples de executar e administrar.
O CDB: Certificado de Depósito Bancário = aplicação conservadora, de rentabilidade diária, é o investimento mais popular de renda fixa, emitido pelos bancos. Possui incidência de Imposto de Renda apenas sobre a rentabilidade e segue a Tabela Regressiva. Indico bancos de cooperativa, os digitais e até mesmo boutiques e corretoras de investimentos, sempre cotar, pois costuma ter diferença. Não aceitar menos que 100% do CDI, pois em razão da Taxa Selic baixa o que vai fazer você ganhar um pouquinho mais é este percentual! Ah e quanto maior o volume a ser aplicado, melhor a taxa!
A LCI/ LCA: Letra de Crédito Imobiliário / Letra de Crédito Agrícola = aplicação conservadora, de rentabilidade diária, são tipos de investimento em renda fixa ISENTOS DE IMPOSTO DE RENDA, que costumam garantir retornos superiores ao da caderneta de poupança. São parecidas com os CDBs emitidos pelos bancos, ou seja, quem compra esses papéis “empresta” dinheiro para uma instituição financeira. Em troca, recebe uma remuneração – juros – durante o período em que mantiver os recursos aplicados. Do ponto de vista do investidor, não há diferença entre investir em LCI ou LCA, o que muda é o lastro do papel.
Atenção: como para o CDB, a LCI e LCA também é preciso negociar taxa, quanto maior o percentual, melhor! E a diferença de um banco para o outro pode ser significativa, portanto, não pode ter preguiça, nem vergonha, é preciso negociar!
O CDB, a LCI/ LCA e a Poupança são respaldados pelo Fundo Garantidor de Crédito (até R$250 mil por CPF e Instituição Financeira – podendo ser até 4, totalizando R$ 1 milhão). Fundos DI também é uma opção, mas é preciso atenção quanto a sua taxa de administração.
É até compreensível que muitas pessoas esperem respostas rápidas e prontas para esta pergunta “Qual é o investimento mais seguro?” pois por muito tempo ficaram acomodados na Poupança ou CDBs com boas taxas pelo motivo da Taxa Selic estar alta…, mas muita coisa mudou e a necessidade de VOCÊ, MEU POVO BRASILEIRO aprender sobre finanças tornou-se essencial!