Dulce Neves: de capa da Playboy para projetos culturais - Juliana Rangel

Dulce Neves: de capa da Playboy para projetos culturais

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Dulce Neves já foi modelo e capa da Playboy nos anos 90. Hoje atua na área de captação de recursos e desenvolvimento de projetos socioeducativos e culturais do município. Foi secretaria de cultura de Ribeirão Preto e presidente da Fundação Dom Pedro II de Ribeirão Preto, responsável pela gestão do terceiro maior teatro de ópera do país, o Theatro Pedro II. Atualmente é Presidente da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto.

Em sua gestão, implantou o projeto Academia Livre de Música e Artes (ALMA), da qual é presidente. Também organizou a publicação do livro e documentário “Memórias de um Theatro: o fio da história”, que apresenta memórias de pessoas que se relacionaram com o Theatro Pedro II, ao longo de seus 84 anos. Idealizou a produção da ópera “O Morcego”, de J. Strauss e o primeiro livro infantojuvenil sobre o Theatro Pedro II, intitulado “Pedro II – a história de um Homem e um tHeatro com agá maiúsculo”, com autoria de Alexandre Azevedo e ilustrações de Cordeiro de Sá.

Para falar melhor sobre essa trajetória, Dulce Neves participou do Podcast Juliana Rangel News. Acompanhe:

Juliana Rangel: Construindo uma trajetória na área da educação e cultura em Ribeirão Preto e região, além de outras frentes. Atualmente é presidente da Fundação do Livro e Leitura, jornalista e fundadora do ALMA (Academia Livre de Música e Artes).

Dulce Neves: Eu costumo dizer que o ALMA é a menina dos meus olhos. É um projeto que eu pensei nele quando tinha um sonho, encontrei a pessoa que tinha uma forma de executá-lo, que é o Lucas Galon, professor e doutor em música. Lá é onde eu me realizo e consigo mudar a vida das pessoas, é o projeto que se eu partisse hoje poderia tranquilamente dizer que deixei minha marca no mundo. Nós já conseguimos, através do ALMA, colocar mais de 60 alunos em universidades públicas. Dando um exemplo da USP, que tem o departamento da música no campus daqui de Ribeirão Preto, chegou um momento que esses meninos, por mais talento que tivessem e passassem na prova prática, eles não conseguiam passar no vestibular. Quem nesse país hoje, consegue passar na Fuvest se não tiver um preparo intenso e oportunidades iguais? É muito difícil. Então, o ALMA vem especificamente nessa área, o nosso carro chefe é a música, embora a gente já tenha também a dança e o teatro, a gente vem ajudando esses meninos talentosos a chegar aonde eles querem, o sonho deles é a música.

Juliana Rangel: Você saiu de Nova Aurora com quantos anos, Dulce?

Dulce Neves: Com 17 anos, fui para Cascavel trabalhar na mesma empresa que eu trabalhava em Nova Aurora. Já em Cascavel, naquela época tinha muitos desfiles de lojas e eu já fazia alguns bicos desfilando para ganhar um cachê. Em um desses desfiles eu conheci o empresário da Márcia Dornelles, o Sérgio na época, e a playboy nesse período era algo extraordinário. Porém, uma menina desconhecida do interior, não tinha a menor chance de estar na revista, as capas era sempre as famosas e em uma matéria dentro da revista, a chamada ‘coelhinha’ poderia ser qualquer pessoa. Foi um lance de sorte, o destino me levou e eu encarei. Esse empresário me chamou para fazer um ensaio e deixar de gaveta quando eu tinha 21 anos.

Nesse momento aconteceu uma coisa muito engraçada, porque a Marcia Dornelles tinha feito abertura do Fantástico e em uma das saídas dela da passarela para trocar de roupas, entravam os outros modelos. As pessoas me confundiram com ela, quando eu entrava todo mundo aplaudia achando que eu fosse ela e quando ela entrava, achavam que ela uma modelo qualquer. Isso chamou a atenção do empresário e foi o que vez ele me chamar para ir até o Rio de Janeiro fazer o ensaio. Era bem simples, nada de nudez, foi um ensaio de biquini mais para apresentar e um dia o pessoal da Playboy me chamou para ir até São Paulo e fazer um de verdade.

A capa da Playboy de março de 1992, seria a Patrícia Pilar e eu estava na gaveta junto com todo mundo que também havia feito o teste junto comigo. Quando a Patrícia começa namorar o Ciro Gomes, ele resolve que ela não vai fazer a capa da revista. Devido a falta de tempo para contatar e fotografar uma nova famosa, foi a hora da ‘gaveta’ entrar em ação para escolher dentre os trabalhos que já estavam prontos. E eu fui a escolhida. A partir dessa fiz outras seis Playboy no Brasil e oito pelo mundo.

Juliana Rangel: Até hoje a Playboy te rende questões de lembranças por parte das pessoas e fãs? Pergunto isso porque achei uma capa sua vendendo na internet.   

Dulce Neves: Acontece muito, até recentemente eu recebi no Instagram uma mensagem de um fã de Maringá que contava sobre a coleção de revistas que eu apareci e pedindo autógrafo delas. Eu pedi para me mandar e chegou uma caixa gigante em casa, fique cerca de dez dias autografando uma por uma e depois mandei de volta. Outra muito decente, foi a de um blog que fica colocando os pés de pessoas famosas. Nesse lance de Playboy teve um concurso de pés e os meus foram eleitos os mais bonitos. Na foto aparecia meu pé e uma calcinha de renda que mais parecia suas asinhas, então dessa vez esse blog me escreveu querendo mais fotos dos meus pés para publicar.

Juliana Rangel: Após voltar de São Paulo, você veio para Ribeirão Preto. Como foi isso?

Dulce Neves: Quando eu cheguei em Ribeirão Preto, vinha aos finais de semana para acompanhar meu namorado e me apaixonei pela cidade. Percebi que aqui tinha uma vida cultural muito legal, um teatro lindo e barzinhos que eram muito parecidos com o dia a dia que eu tinha em São Paulo. Nessa época, eu ainda tinha um desejo de fazer uma faculdade e estava pensando sobre isso. Resolvi prestar na Unaerp na área de jornalismo, que era uma coisa que tinha a ver comigo, e passei. Fui me mantendo um pouco em Ribeirão e um pouco em São Paulo, até que chegou uma hora que eu me fixei com residência por aqui morando junto com meu namorado. Assim fui ficando.

Tem uma história engraçada, do meu apartamento que era na Garibaldi, eu conseguia ver o teto do Theatro Pedro ll. Lembro de ter olhado a primeira vez e não saber o que era aquela construção, foi meu namorado que me disse que era um teatro. Quando entrei lá pela primeira vez, me imaginei trabalhando naquele lugar.

Confira abaixo a entrevista completa no Podcast Juliana Rangel News: