Pai e filha, Luiz e Lud Puntel, falam sobre os desafios da preparação na Língua Portuguesa - Juliana Rangel

Pai e filha, Luiz e Lud Puntel, falam sobre os desafios da preparação na Língua Portuguesa

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Atuando em salas de aulas há 40 anos, Luiz Puntel é professor de português, mentor de oratória para executivos, políticos e profissionais liberais, palestrante e mediador de conferências e congressos e diretor da Oficina Literária Puntel. Ministrou aulas na Faculdade de Letras de Catanduva, no COC e em outras escolas de Ribeirão Preto. É colunista da Rádio CBN e autor da coleção didática de Língua Portuguesa da Coleção Curumim, coautoria com Fátima Chaguri de Oliveira.

Assim como seu pai, Ludmila Puntel é graduada em Letras pela Universidade Paulista – UNIP. É psicóloga, especialista em Análise do Comportamento pela Universidade Federal de São Carlos, e mestre em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP. Desde os anos 2000 é professora de redação dos ensinos fundamental e médio. Ministra treinamentos para executivos, profissionais liberais e empresas, curso de oratória para alunos do Ensino Médio para a fase oral dos vestibulares e mentorias individuais online de oratória.

Para falar melhor sobre essa trajetória, Luiz e Lud Puntel participou do Podcast Juliana Rangel News. Acompanhe:

Juliana Rangel: Nós estamos falando de 40 anos, onde você era bancário e enxergou uma oportunidade quando ouviu falar de uma escola de português, não é?

Luiz Puntel: Exatamente. Naquela época existia a Bienal do interior, então já havia a Bienal de São Paulo e no ano seguinte a do interior. Fui para Araçatuba fazer uma palestra e uma professora falou o seguinte: “professor, você que é muito falante e atuante, não quer conhecer uma escola de português?”. Na hora eu respondi que não existia, duvidando, mas fui conhecer a escola da Cidinha Baracat que até hoje está lá firme e forte. Foi a partir daquele momento que eu olhei e pensei que sabia dar aula, eu dava aula no SEB. Comecei um curso de redação na mesa da minha casa e resumindo, deu tudo certo, estamos aqui hoje e depois de 40 anos.

Juliana Rangel: Como foi para você começar, já que era tudo muito novo dentro do interior? Eu fico imaginando, hoje é algo automático de quando o pensamento é se preparar para o português em fala e escrita. Mas há 40 anos, como despertava na pessoa a necessidade de fazer um curso assim?

Luiz Puntel: O português, quando eu comecei com redação, ele sempre foi muito necessário por causa do vestibular. Porque com o presidente Sarnei, todos os concursos públicos tinham que ter redação, então o ENEM, ele é de 98 e no começo não havia obrigatoriedade de fazer a prova de redação. Logo depois, tornou-se obrigatório e dessa forma os vestibulandos precisaram estar mais preparados para elaborar melhor seu texto. Na escola, tem um bom trabalho de português lá no começo, ainda no ensino fundamental, mas depois vai ser perdendo. Porque o volume de matéria é tão grande que não dá tempo de o menino escrever, professor corrigir e orientar, que é o que nós fazemos na oficina. O aluno escreve, a gente corrige e juntos vamos orientando.

Lud Puntel: Na verdade, desde que essa exigência começou aparecer, o aluno tem que se preparar para a redação do vestibular. Porque ela, só ela, vale 50% da nota final do candidato, então acontece muito o aluno sem bom de exatas e na redação precisar um pouco mais de suporte. Nesse caso, o aluno precisa ser atendido conforme a necessidade ele, como o Puntel comentou. É como se fosse uma orientação homeopática, um pouquinho por semana e vamos lapidando a escrita, porque ela não acontece da noite para o dia.

Juliana Rangel: Nós estamos falando do público vestibulando, mas por exemplo, quando você sentiu que precisavam olhar também para a parte de comunicação mesmo, da oratória, ou seja, falar e se expressar melhor?

Luiz Puntel: Você como funcionário, é uma pessoa reativa, isso quer dizer que faz se mandar e precisar, mas não vai atrás. Eu gosto muito de uma metáfora que é o seguinte: ‘está escuro e você pede para alguém trazer a vela e ela só traz a vela, quem é proativo, além de trazer a vela, já traz ela acesa com o fósforo caso apague’, veja como é diferente. Então eu aprendi no Banco do Brasil, onde trabalhei, a ser proativo e não reativo. O fato de fazer curso, ter feito letras e ter participado de grupo de jovens fez com quem eu visse oportunidade. Ao sair do Banco e começar esse trabalho em casa, eu conversei com Fulano e Beltrano com a preocupação de ter a visão como um todo.

Juliana Rangel: Quando você sentiu nesses 40 anos, que a oratória começou a se fortalecer? Passando a ser uma necessidade na vida das pessoas?

Luiz Puntel: A necessidade já havia, o ser humano tem necessidade de escrever e de se comunicar. Então, a oralidade sempre esteve em questão e nós somos muito travados. Se eu pedir, para você que está nos vendo, que pegue o seu celular e faça um vídeo qualquer falando sobre si mesmo, a primeira instância vai achar estranho.

Lud Puntel: Você perguntou quando vem essa necessidade. Como o Puntel enfatizou, sempre houve, mas ultimamente podemos dizer com o boom das redes sociais, isso se potencializou. Por exemplo, hoje em uma entrevista de emprego, muitas vezes o candidato precisa entregar um vídeo como pauta do procedimento. Muitas vezes pegar um celular e fazer um vídeo caseiro, é algo que gera uma ansiedade, então a pessoa pensa que gravou cerca de dez vídeos e ainda assim não ficou bom. Tudo isso acontece porque temos o julgamento do que o outro vai pensar e esse fato nos chama muita atenção.

E quando as pessoas vão também para a área profissional, nós temos uma das principais habilidades que é se comunicar com a oralidade, assim, se você não se comunica fica difícil até de liderar uma equipe, se portar diante uma reunião, entre outras coisas. No mundo escolar a gente sabe também que são poucas as oportunidades, principalmente no ensino médio, desses alunos darem sua voz. Eles mais recebem o conteúdo na estrutura de escola brasileira do que possuem o poder de fala, basicamente se senta, escuta e faz exercícios. Há necessidade de ouvir esse aluno e muitas vezes, dependendo do vestibular, o candidato tem que passar pela fase oral agora. Então a minha preocupação como professora de redação do ensino médio, é fazer com que, através das dinâmicas, eles ganhem voz.

Confira abaixo a entrevista completa no Podcast Juliana Rangel News: