De morador de rua a dançarino do Rod Hanna: Conheça a história de Duda Costa - Juliana Rangel

De morador de rua a dançarino do Rod Hanna: Conheça a história de Duda Costa

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Duda Costa, mais conhecido como Dwda Costa ou DWX (Dwda Xperience) é dançarino do Rod Hanna, a maior banda de Flash Back do Brasil. Quando jovem, saiu de casa por causa de desavenças com o pai militar e passou a morar na rua. Mesmo em situação de vulnerabilidade, nunca se deixou abater e com a ajuda de um amigo, começou a trabalhar como faxineiro em Ribeirão Preto.

Já foi responsável pela organização dos camarins da Chatanooga, a danceteria mais famosa da década de 80 e 90 em Ribeirão Preto, onde foi descoberto por um produtor de moda e posou como modelo.

Também foi garoto propaganda do Magazine Luiza, realizou cover do Michael Jackson, produtor e repórter no programa Alto Astral do SBT Ribeirão Preto, além de sócio do SPA Bethesda de 2002 até 2007, e passou uma temporada com Rod Hanna na Europa.

Duda continua se apresentando com a banda, e ministra aulas de ritmos dos anos 70, 80 e 90, no Espaço Dânia Amaral (EDA), em um  ramo que atua há mais de 20 anos.

Para falar melhor sobre sua história, Duda Costa participou do Podcast Juliana Rangel News. Acompanhe:

Juliana Rangel: Como que foi essa questão de você morar na rua?

Duda Costa: Olha, começou que eu praticamente fui criado pelos avós, avô e avó né, e tive sérios problemas com o meu pai e vamos dizer assim, aquela criação militar, filho de marinheiro mesmo, militares né. O meu avô era muito tranquilo, mas meu pai não. Então meu pai tinha uma coisa rígida, tudo muito certinho, a educação e eu não dei conta disso, eu não aceitei isso. Então, ele falou: ‘’ou vai me obedecer ou rua’’ e eu fui pra rua aos 17 anos.

Juliana Rangel: Você morou na rua 3 anos?

Duda Costa: Era uma garagem tipo uma mecânica, era só chegar lá a partir das 19h e antes das 5h30, a gente tinha que levantar e sair porque o dono não sabia que a gente dormia lá.

Era um empregado que deixava a gente dormir no local, ele era muito gente boa, o último a sair, fechava e a gente entrava e ele trancava e na hora de sair, a gente pulava o muro dos fundos e guardava as coisas e o dono nunca descobriu, bem ali no centro.

Juliana Rangel: Mas, assim, desses três anos morando na rua, o que foi a maior dificuldade que você lembra que te marcou muito?

Duda Costa: Ah, a humilhação era diária. É horrível falar isso, que nem o povo fala que é mimimi, mas o fato só de você ser negro e não tá bem vestido, você é assaltante, você vai passar por alguém, a pessoa já coloca a mão na bolsa, já se afasta, já atravessa a rua. Então tinha muito disso, então durante anos eu andava de cabeça baixa.

Juliana Rangel: Sobre seu trabalho, você não gostava muito desse contato com o público? Mas assim, você em destaque, porque você na pista de dança com todo mundo, tudo bem? Que era igual todo mundo junto, agora você estar desfilando ou modelando ali e sendo um destaque que isso te incomodava?

Duda Costa: Muito, imagina eu era uma criança que a mãe esquecia na festa de aniversário, não queria chamar atenção, eu adorava ser invisível até na escola, era ótimo, ninguém me olhava, ninguém falava comigo porque as pessoas eram carentes, queriam ter amigos.

Eu não tinha essa coisa, não gostava de muito contato com as pessoas, hoje eu até adoro, mas durante anos eu preferia ter poucos amigos, conversar pouco e foi mudando.

Juliana Rangel: E com 25 anos você se achava velho? E sempre ali no meio artístico você estava envolvido?

Duda Costa: Aí eu falei chega, não quero mais saber de dançar né, já tava cansativo e as coreografias eram megas elaboradas e eu não tinha técnica, eu dançava, mas não tinha toda essa técnica e pra quem não tem, meu Deus do céu, pra decorar… pra decorar é difícil, mas enfim, aí eu ia.

Aí continuei a modelar, a fazer outras coisas, eu também era designer, fazia vitrines e entrava sempre algum dinheiro, alguma coisa. Quanto mais backstage, atrás do palco, pra mim era melhor. Por mais que eu aparecesse, chamasse atenção, eu gostava de não chamar atenção, então pra mim tava ótimo.

Juliana Rangel: Sobre Rod Hanna, a primeira vez que vocês foram pra uma turnê internacional foi antes da pandemia, 2018 mais ou menos? Que aí foi quando também você pretendia não voltar?

Duda Costa: Isso, foi maravilhoso. Gente, olha, o Ruan falava ‘’fica, a dona do estúdio já gostou de você, já te arrumou emprego’’, a Carla que era essa contratante que me adora e eu adoro ela também né, também falou ‘’Du, vem trabalhar pra mim aqui, você faz as performances, você fica aqui, não vai embora não, que aí você ficando, o Rodrigo e a Nora fica, sério. Aí o Rodrigo e a Nora falou ‘’por que não?’’.

Então, a intenção era ficar na Europa, o Rod Hanna fazer turnê na Europa e manter um outro Rod Hanna aqui, aí ficaria a Mariana como backing vocal da banda, que é a cantora, então ia manter um Rod Hanna lá e um aqui. Mas aí talvez a gente não moraria, passaria temporadas fazendo show lá…

Juliana Rangel: Qual é a sexualidade hoje do Duda?

Duda Costa: Você acredita que até hoje o povo pergunta ‘’o que você é, você é gay, você é bi, você é hétero?’’, eu deixo no ar porque até hoje eu não sei. E eu tive muito problema com maridos né, eu já tive uma época bem safado de sair com mulher casada, cheguei a levar um tiro na bunda.

Então eu deixava essa coisa no imaginário de gay pra não ter encheção de saco de marido querendo me bater (risos).

Juliana Rangel: Mas hoje o Duda tá mais maduro ou continua a mesma coisa?

Duda Costa: Mais maduro, bem mais tranquilo, evitando situações perigosas (risos).

Confira abaixo a entrevista completa no Podcast Juliana Rangel News: