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CONHEÇA FLÁVIA LANCHA: LÍDER POLÍTICA E CAFEICULTORA DO CAFÉ LABAREDA
Compartilhe:Flávia Lancha é empresária há mais de 30 anos. Fundou, junto com o marido, a Labareda Agropecuária, hoje uma das mais conceituadas empresas exportadoras de cafés especiais do Brasil.
Em 2018, a Labareda ficou entre as 10 fazendas mais sustentáveis do Brasil. No ano seguinte, teve seu café classificado entre os 10 melhores do país. Em 2022, alcançou a segunda colocação no Concurso de Cafés do Estado de São Paulo.
É formada em Ciências e Letras. Tem pós-graduação em Gestão Pública e Liderança e em Gestão de Pessoas, além de ser especialista em cafés especiais.
Flávia foi secretária de Desenvolvimento Econômico de Franca por dois anos (2017/2018). Atualmente é diretora de Relações Institucionais da AMSC – Associação de Cafés Especiais da Alta Mogiana. Entrou para a política em 2016. Hoje é coordenadora regional do PSD na região de Franca.
Para falar melhor sobre sua história, Flávia participou do Podcast Pode Mulher. Acompanhe:
Juliana Rangel: A Flávia hoje, ela tem duas principais áreas na vida dela, e vamos falar o português claro aqui, são as duas principais áreas ainda machistas e que assim, machistas no sentido do quê?
De ainda ser dominada por homens, de ainda ter muito aquela coisa do que é antigo, do que é difícil você mudar, posições, crenças, a gente vem nessa evolução, né?
Flávia Lancha: Conservadora demais.
Juliana Rangel: Conservadora, exatamente. Que é o agronegócio e também a política.
Flávia Lancha: Eu acho que a região, o interior, ele é muito mais conservador. São Paulo, capitais, mas vamos falar por causa do nosso Estado, já tem um outro olhar. Já é muito mais aberto né, mas o interior ainda é muito conservador.
Na política, eu senti isso muito de perto e quando eu comecei no agro, que eu era muito mais nova, eu era muito novinha quando eu comecei, e aí sim, tinha uma resistência muito grande dos homens em reconhecer que eu estava trabalhando, que eu tinha um papel, que eu era protagonista.
Eu falo que é muito bom ver esse lado da gente trazer o protagonismo feminino porque a gente precisa muito, né? Porque a mulher conquistou muitos espaços, mas a gente ainda tem uma resistência muito grande, principalmente da ala masculina (risos)
Juliana Rangel: Aí vocês começaram o processo do zero então com a produção de café?
Flávia Lancha: Do zero lá e aí, nossa, foi um desafio atrás do outro. Claro, eu lembro que a gente estava começando a plantar café, deu uma geada, queimou um tanto de lavoura. E a hora que você está começando, é muito difícil né, eu sempre falo assim, sabe aquele ditado que as pessoas hoje ‘’elas veem a pinga que você toma, mas não vê os tombos que você cai’’.
Então foi uma época difícil com três crianças, eu comecei a trabalhar com o meu marido nessa época, quando eu estava com o meu caçula. Porque, na verdade, eu sou formada em Letras, e eu falo assim que minha vida acadêmica foi mudando ao longo do tempo.
E aí eu sempre falo ‘’gente, não fica pensando no que vai ser o resto da vida, pensa no hoje’’.
Juliana Rangel: O que que você quer agora, né?
Flávia Lancha: O que você gosta hoje, o que interessa hoje.
Juliana Rangel: Essa conquista aí e abertura de mercado é bem recente né, Flávia? Bom, que eu me lembre assim, eu acho que de uns quatro anos pra cá que a gente ouve se falar muito da mulher no agro: ‘’ah, então a filha que já tem lá a produção com o pai que assumiu’’. Ou seja, agora que está vindo essa coisa da mulher assumir cargos importantes, principalmente quando vem de família né, produção e tal, ou até mesmo contratações.
Flávia Lancha: É o olhar da mulher, né? Mas, até isso eu acho que ainda tem uma dificuldade porque eu fui uma das primeiras ali da região a trazer mulheres para serem tratoristas né, mas elas próprias tiveram dificuldade e acabaram saindo e tudo né.
Juliana Rangel: E por quê?
Flávia Lancha: É aquela questão de você estar em um ambiente masculino e você não se sentir à vontade nele, sabe? Porque quando você pensa, a gente tinha lá, uns 14 tratoristas homens e uma mulher, depois a gente teve duas mulheres e aí elas ficaram um tempo e depois começaram ‘’não, eu acho que não é pra mim’’. Então, a mulher, ela mesma…
Juliana Rangel: Às vezes ela mesma se boicota, né?
Flávia Lancha: É! Verdade!
Juliana Rangel: Ô Flávia, e você migrou para a política como? A produtora ali de café e de repente… o que te despertou assim?
Flávia Lancha: Meu pai foi prefeito de Franca, foi vereador algumas vezes, então eu sempre convivi muito com política e eu sempre fui convidada para entrar na política. Mas como se diz, meu lado de empresária, fazenda, cafeicultora sempre pesou mais.
Mas, o que que me fez entrar na política foram algumas questões, primeiro, eu sempre tive projeto social, minha vida inteira e um meio da gente ajudar mais pessoas é através da política. Outra coisa que eu tenho muito claro isso e eu falo para as pessoas ‘’não existe espaço vazio, então, se as pessoas bem-intencionadas não ocupam, oportunistas vão ocupar’’ e é difícil.
Eu sei que tem esse preconceito todo ‘’ah, a política é coisa de pessoas ruins, a política é de aproveitadores’’, mas tão porque a gente deixa, a gente não ocupa o espaço e não vota. Não se envolve.
Juliana Rangel: Mas, por exemplo, o que você já passou de situação que você se lembra assim na política como mulher?
Flávia Lancha: Ai, primeira coisa que eu falo assim ‘’o quanto a gente como mulher tem que provar dobrado a competência, o quanto as pessoas te questionam a sua capacidade’’. E uma coisa que assim, me marcou demais, era as pessoas perguntarem pra mim ‘’mas, será que você vai ser capaz de ser gestora de uma cidade igual Franca, do tamanho de Franca?’’ e é interessante porque, por exemplo, meu preparo… eu estudei igual a gente falou, eu fiz cursos em São Paulo, eu fui pra Inglaterra, pra Oxford, na melhor escola de governo do mundo e eu me preparei muito para ser prefeita.
Em contrapartida, tem outros lá… preconceitos à parte, mal sabem falar e por que que a mulher é questionada? Por que que a mulher tem que ficar provando o tempo inteiro que você pode, que você é competente.
Confira abaixo a entrevista completa no Podcast Juliana Rangel News: