Ruy Brissac revela os desafios e emoções por trás da interpretação de Dinho em “Mamonas Assassinas – O Filme” - Juliana Rangel

Ruy Brissac revela os desafios e emoções por trás da interpretação de Dinho em “Mamonas Assassinas – O Filme”

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Em entrevista exclusiva, ele compartilha suas experiências desde as gravações até a emocionante pré-estreia

Ruy Brissac, dançarino, ator e músico, interpreta o Dinho, vocalista dos Mamonas Assassinas, no filme que retrata a história da icônica banda brasileira. O ator conta sobre os bastidores do filme, desde os desafios iniciais até os momentos mais emocionantes durante as gravações.

Juliana: Você é dançarino, ator e músico e começou muito cedo, não é? Aos 19 anos, foi para São Paulo buscar seu sonho, correto?

Ruy: Na verdade, minha carreira artística começou na infância. Eu sempre tive bandas de rock desde pequeno. Então é interessante como a vida segue caminhos surpreendentes. Aos 19 anos, eu já tinha uma banda de rock, e depois fui para São Paulo para me profissionalizar como ator. Foi lá que entrei no mundo do Teatro Musical, unindo dança, canto e interpretação. Interpretei o Dinho no Teatro Musical, onde passei por uma audição com mais de 1.500 pessoas. Foi uma experiência incrível, ficamos em turnê por dois anos com o musical. Posteriormente, fiz um teste para o cinema e agora estou aqui para interpretá-lo nas telas também.

Juliana: Em 2016, quando interpretou o Dinho no musical, você tinha 25 anos. Agora, aos 34, acredito que a abordagem seja totalmente diferente. Como você lidou com essa transição e como apresentará isso nas telas a partir do dia 28?

Ruy: A interpretação no cinema é completamente diferente. É um desafio interpretar um personagem que já existe de várias formas. A interpretação no teatro é mais ampla, porém sensível, pois o público está presente e precisa ver, ouvir e sentir a performance. No cinema, é mais intimista, com a câmera capturando nuances. No filme, explorei mais o lado humano do Dinho, que não é tão conhecido pelo público. É uma abordagem mais real, mostrando seus dilemas e como agia nos bastidores.

Juliana: Pelo que entendi, no teatro, a narrativa aborda a trajetória da banda Mamonas Assassinas de forma mais lúdica. Já no cinema, vocês entraram mais a fundo na história pessoal dos cinco integrantes da banda. É isso?

Ruy: Sim, no teatro, contávamos a trajetória de forma lúdica. No cinema, a abordagem é mais realista, focando nos aspectos humanos dos personagens. Exploramos as dúvidas, ações nos bastidores e o lado mais íntimo de cada membro da banda. Foi incrível estudar e interpretar o Dinho de uma maneira mais profunda.

Juliana: Sobre sua semelhança com o Dinho, isso sempre existiu ou foi algo que se desenvolveu ao longo do tempo, especialmente após o musical?

Ruy: Sempre existiu essa semelhança. As pessoas sempre comentavam sobre minha aparência, dizendo que eu lembrava o Dinho, entre outras comparações. Após o musical, eu já estava seguindo mais para a área da música autoral, pois sou compositor e cantor. No entanto, surgiu a oportunidade de fazer o teste para interpretar o Dinho no cinema, e foi incrível. Agora, interpreto o personagem não só no filme, mas também em shows ao vivo, sendo três abordagens diferentes do mesmo papel.

Juliana: Você está focado apenas nesse momento da sua carreira ou está intercalando com outros projetos?

Ruy: Estou intercalando. Lanço músicas autorais e continuo minha carreira autoral, pois tenho uma base de fãs que aprecia esse lado. Ao mesmo tempo, interpreto o Dinho nos shows ao vivo, trazendo essa energia para o palco. São duas vertentes artísticas que tento unir da melhor forma possível.

Juliana: Vi que a agenda de shows está extensa, mas Ribeirão Preto não está na lista. Vai incluir a cidade?

Ruy: Com certeza, Ribeirão Preto está nos planos. Estamos começando a turnê, ajustando a logística dos shows, mas tenho certeza de que em breve estaremos por aí.

Juliana: Falando sobre o filme, como foi o processo de preparação? Houve convivência com a família do Dinho?

Ruy: A convivência com a família foi essencial. Eles apoiaram o projeto e estiveram presentes no set de filmagem. Dona Célia, a mãe do Dinho, sempre dava orientações, como o fato de que ele a chamava de “mainha”. Isso ajudou a construir o personagem de uma maneira mais autêntica. Tive que misturar a essência do Dinho com a minha para trazer essa persona. A preparação foi uma imersão intensa, viver realmente o Dinho, andar, falar, brincar como ele nos bastidores.

Juliana: Vocês começaram a gravar em 2022?

Ruy: Sim, as gravações começaram este ano e foram surpreendentemente rápidas para o cinema nacional. Em janeiro foi a preparação, e as gravações duraram cerca de dois meses, terminando em março. Foi um processo intenso, mas estou ansioso para o lançamento.

Juliana: Como foi a preparação para o filme? Como você se preparou para interpretar o Dinho?

Ruy: A preparação para o musical já tinha sido desafiadora, com uma grande concorrência. No cinema, o teste de VT foi em 2017, após o musical. Foi uma experiência intensa, com muitos testes e eliminações. Tive que estudar bastante para incorporar a imitação característica do Dinho, que era um grande imitador. No filme, a convivência com a família e a imersão na essência do personagem foram fundamentais para trazer autenticidade à interpretação.

Juliana: Parece que você está vivendo intensamente esse momento na sua carreira.

Ruy: Sim, estou intercalando entre o Dinho e minhas composições autorais. Tenho uma base de fãs que aprecia meu lado autoral, então não posso deixar de lado. Estou alimentando ambos, trazendo minha verdade nas músicas autorais e interpretando o Dinho nos shows e no cinema.

Juliana: Qual foi o seu maior desafio quando começou as gravações? Foi uma superação para você, por exemplo, nesse personagem para o cinema?

Ruy: Ah, o desafio é desse lado humano dele, né? Foi um grande desafio porque é muito detalhe, né? Tem que ter muita atenção, então isso foi um grande desafio, além da imitação que também foi desafiadora para mim. Foi um grande desafio e toda a linguagem cinematográfica, porque meu primeiro filme, eu nunca tinha feito cinema. Eu sempre gostei do palco, do ao vivo, do teatro, de fazer shows. Então, é meu primeiro contato com cinema. Essa linguagem para mim já é um grande desafio.

Juliana: E você gostou do seu primeiro papel no cinema?

Ruy: Gostei demais. Eu amo todas as formas de expressar minha arte, sabe? Eu acho que é muito válido, é muito rico, é muito incrível, e o cinema, meu, é uma linguagem poderosa. Depois de pronto, na telona, você é gigante naquela tela, contando a história de alguém que existiu, de um ídolo nacional. É surreal, a gente se emociona.

Juliana: Você assistiu ao filme na pré-estreia em São Paulo, onde todos estavam presentes. Foi a primeira vez que viu?

Ruy: A primeira vez que assisti ao filme foi na CCXP 23 aqui em São Paulo. Foi um evento incrível, fizemos uma performance orquestrando um acontecido dos Mamonas e depois passou o filme inteiro. Nossa, fiquei impactado porque a CCXP é um evento para fãs, né? E nada melhor do que fazer uma pré-estreia num evento para fãs. Os fãs amam os Mamonas, e foi um momento muito especial. Lembro especialmente do desabafo do Dinho, um show onde ele fala sobre acreditar em sonhos, e aquilo me emocionou muito. Ao assistir, comecei a chorar e senti algo apertado no braço, olhei ao redor e não tinha ninguém. Pensei que fosse coisa da minha cabeça, mas ao voltar a assistir, senti dois apertões fortes. Agradeci por aquela oportunidade e por continuar o legado dos Mamonas Assassinas.

Juliana: Quando os Mamonas estouraram nos anos 90, você tinha seis anos. O que lembra dessa época?

Ruy: Foi muito marcante. Lembro de assisti-los em programas de televisão, como Domingo Legal e Faustão. A disputa por audiência era intensa, e eu sintonizava para vê-los. O que me marcou era a surpresa e irreverência em cada apresentação. Eles faziam bagunça nos programas e suas letras eram icônicas. Lembro também da tristeza quando soube da morte deles, foi meu primeiro contato com a morte.

Juliana: Durante as gravações, houve momentos de emoção profunda? Alguma situação que os fez parar e se emocionar?

Ruy: Mamonas Assassinas é emoção pura. O elenco se deu muito bem, se apoiava, e chorávamos frequentemente, pensando na história dos meninos e nos identificando com nossa própria história de superação. As cenas mais impactantes para mim, a última cena gravada, onde o público chorava, o elenco chorava, e foi um momento de lágrimas totais.

Juliana: Todas as cenas foram gravadas em Guarulhos?

Ruy: Sim, todas as cenas do filme foram gravadas em Guarulhos. Isso fez toda a diferença, pois os Mamonas tinham muito orgulho de sua origem, e gravar o filme inteiro lá foi especial. Usamos figurinos originais, o que também fez diferença.

Juliana: Como foi a recepção das pessoas durante as gravações?

Ruy: Foi um evento na cidade, pois gravamos em vários locais de Guarulhos. Fechávamos as ruas, aglomerava muita gente, e todos estavam felizes. As pessoas expressavam empolgação e ansiedade para assistir ao filme. Nas cenas musicais, o público já dançava e cantava junto, o que foi mágico.

Juliana: Beto, sobrinho do Dinho, também faz parte do elenco. Como foi ter alguém próximo interpretando no filme?

Ruy: Foi maravilhoso. Beto é uma pessoa incrível, muito generosa, e nos tornamos amigos. Ele é um mega guitarrista, muito parecido com o tio, e foi essencial tê-lo no elenco. A família dele, principalmente o pai, foi fundamental na formação da banda.

Juliana: A mãe do Dinho já assistiu ao filme? Como foi o contato com ela?

Ruy: Fizemos a pré-estreia em Guarulhos, e foi sensacional. Todos estavam emocionados. A mãe do Dinho estava muito feliz, disse que interpretei seu filho perfeitamente. Foi um momento incrível e ela me agradeceu. Foi fantástico, pois o filme aborda a parte alegre, não foca no final trágico.

Juliana: Você, como músico, está lançando novas músicas. Como está sendo conciliar essa carreira com o destaque dos Mamonas?

Ruy: É incrível porque amo criar e desenvolver arte. Depois dos prêmios no musical, lancei meu EP do “Gato Preto”. Agora, estou lançando a música “Voar”, que fala sobre liberdade. A visibilidade aumentou, as pessoas me reconhecem na rua e nas redes sociais. É uma troca incrível com os fãs, que agora acompanham também minha carreira musical.

Juliana: Como tem sido a recepção do público aos seus shows, considerando a nova geração que está descobrindo os Mamonas?

Ruy: Maravilhoso. Recebo muito carinho dos fãs, que se tornaram meus fãs através do musical e agora apoiam minha carreira musical. Estou lançando músicas, e o retorno tem sido positivo. Não há haters, a maioria das pessoas está amando e agradecendo. É para essas pessoas que faço minha arte.

Juliana: Qual é a sua expectativa para o lançamento oficial do filme em 28 de dezembro?

Ruy: Estou ansioso para que todos possam assistir a esse filme maravilhoso e emocionante. Tenho certeza de que as pessoas vão gostar, se emocionar e cantar junto. Os Mamonas são inesquecíveis, e a expectativa é alta.

Juliana: Com o destaque dos Mamonas, como você percebe a chegada de uma nova geração de fãs, além daqueles que viveram essa época?

Ruy: Há uma nova geração descobrindo os Mamonas, e é lindo ver essa herança da música nacional passando de geração para geração. Em shows, vejo crianças, adolescentes e adultos mais idosos. É uma mistura incrível, e é especial proporcionar isso para as crianças, que veem os Mamonas como uma herança cultural.

Assista a entrevista completa em nosso canal do Youtube:

Juliana: Olhando para sua trajetória, o que leva consigo e qual é o seu maior sonho?

Ruy: Sempre acreditei nos meus sonhos desde criança. A música é minha missão, onde transmito meus sentimentos e inspiro as pessoas. Meu maior sonho é lançar cada vez mais músicas, participar de grandes festivais e inspirar as pessoas. Quero olhar para trás e ver uma discografia que conte minha história e lembrar de cada fase da minha vida através da música.