Engenheiro, empresário e presidente da AEAARP, Fernando Junqueira faz um balanço da construção civil em Ribeirão Preto - Juliana Rangel

Engenheiro, empresário e presidente da AEAARP, Fernando Junqueira faz um balanço da construção civil em Ribeirão Preto

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Na entrevista, Junqueira aborda sobre o mercado imobiliário e a construção civil em Ribeirão Preto

O engenheiro civil Fernando Paoliello Junqueira é empresário, presidente da Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto, a AEAARP, e vice-presidente do interior do Sinduscon São Paulo, o sindicato da indústria da construção civil.

Juliana: Fernando, quantos anos você tem no mercado imobiliário e na construção civil em Ribeirão Preto?

Fernando: Nós já estamos no mercado há 43 anos. Eu me formei em 1980, no início dos anos 80, e comecei meu trabalho em uma empresa chamada Construcap, que é uma construtora de São Paulo. A partir de 1986, fundamos a Construplan, na qual estamos até hoje. Depois, em 2000, fundamos a Perplan.

Juliana: Fernando tem muitos anos respirando essa área em que atua, na qual se formou, e mais do que nunca é conhecedor do mercado de Ribeirão Preto e toda a região, né?

Fernando: Eu acho que nós, como profissionais, começamos cedo a trabalhar na área de construção civil. Isso nos proporcionou espaço. Nós fizemos, pela Construsplan, 600 obras aqui no Estado de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Bahia, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Então, passamos por um bom período em todo esse Brasil, cada um com uma cultura tanto de construção civil quanto do dia a dia, até do próprio colaborador, né? Então, você vai aprendendo no seu dia a dia. Eu sempre falo que tínhamos uma média de quase dois mil funcionários lá. Mas, em Ribeirão Preto, quase não trabalhávamos. Eu ficava normalmente 20 dias fora de Ribeirão Preto.

Juliana: Mas Fernando, você mencionou sobre dedicar-se mais à cidade, certo? Ribeirão Preto sempre foi um mercado muito forte na construção civil e na área de moradia, porque somos um polo de diversos setores, né? E a população já chegou a 700 mil habitantes, né?

Fernando: Você vê, Ribeirão Preto… A gente tem que considerar que quando fizemos pela Perplan naquela região da Fiúsa, foi em 2002. Hoje estamos em 2024. Só que o que aconteceu ali, aconteceu em 20 anos. Ribeirão Preto tinha uma população em torno de 350 a 400 mil habitantes e virou 700 mil. Só que os 700 mil de que falamos da nossa cidade no dia a dia, que a gente mora aqui, que transita pela cidade, pelos bairros, você vê que essa população, na minha opinião, deve chegar a cerca de 900 mil habitantes diariamente. Isso é minha opinião e não está no censo.

Juliana: Esse crescimento, observando, a gente viu que foi justamente a continuação da região que vocês, na época, abriram em 2002, né? Hoje, se você olha para o que você imaginava que seria tudo isso em termos de crescimento, está proporcional?

Fernando: Vou dar um exemplo para você. Nós compramos uma área uma vez depois do anel viário. Pagamos em torno de R$ 15,00 o metro quadrado naquela região. Depois do anel viário, ela já está em torno de R$ 2.000,00 o metro quadrado. Então, vocês veem como o negócio mudou. Claro, o mercado é cíclico e nem tudo acontece do jeito que a gente quer, né? Só que a gente tem um negócio chamado planejamento e, com planejamento, você consegue dar os passos para evitar insucessos no que está planejando para tua empresa.

Juliana: Por exemplo, uma construtora. Quantos anos de planejamento você mencionou?

Fernando: A Perplan nasceu da junção da construtora Construplan. Nós fizemos o Residencial das Américas lá na Zona Norte, ao lado, perto da EPTV. Fizemos 600 unidades habitacionais, foi o primeiro assim, tipo “Minha Casa, Minha Vida”, e foi um sucesso de venda. Foi muito prazeroso tocar aquela obra. Com essa parceria com os outros sócios, né? A gente viu o caminho a trilhar. Então, em 2000, resolvemos formar a Perplan. Ali saiu então a Perplan, começou como loteadora, fazendo também “Minha Casa, Minha Vida” e depois foi pegando experiência e a gente chegou no mercado imobiliário de médio para alto padrão. Só que a gente deu os passos, a gente não poderia, por exemplo, começar a empresa já querendo fazer apartamentos de 300 metros, 400 metros.

Juliana: Antigamente, não sei se fala isso ainda, mas os forasteiros, né? Que vinham e tipo, “Ah, não é daqui então se der algum problema não tem porque vai embora.” Agora não, agora são as empresas que são daqui. Óbvio, tem que ter a responsabilidade, tem a história e tem um compromisso. É todo mundo daqui, né?

Fernando: Ribeirão Preto é uma cidade muito democrática. Por exemplo, que a gente já trabalhou bastante fora do Estado de São Paulo. Você não consegue chegar em alguns estados da federação e consegue prestar serviço lá. A gente trabalhava muito pra Suzano, Fibria, Votorantim a gente trabalhou muito com esse povo. Só que a gente chegava em alguns canteiros pelo Brasil afora, nós chegamos já com aval da empresa, entendeu? Nós estávamos em cinco estados, nós estamos dando uma diminuída na empresa no sentido de poder ficar mais próximo dos negócios.

Juliana: Vocês tiveram um momento, né, de expansão para outras regiões.

Fernando: Eu nunca me esqueço do Dr. Hornet, da Cyrela, que é a maior incorporadora do Brasil. Uma vez ele esteve em Ribeirão Preto, estava dando uma entrevista e falou pra gente que o maior erro da Cyrela foi querer atuar nos 23 estados da Federação, mas não no Distrito Federal. Então, o grande erro deles foi isso, e ele disse que se fosse hoje, voltaria atrás. A Cyrela está em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas não vem para Ribeirão porque o preço aqui, o mercado aqui, é muito ruim para eles. Não fecha a conta do trabalho do dia a dia deles para vender o imóvel deles.

Juliana: Você comentou sobre a valorização, a revitalização acho que seria um primeiro passo para retornar à valorização, tudo começou no centro, né?

Fernando: Eu morava aqui na esquina, na Afonso Celso. Eu lembro que no sábado nossa cidade era pequena, nós víamos a pé, na Portugal tinha chácara, tinha um terreno, então era Ribeirão Preto muito pequena. Toda essa região da zona sul, zona norte, era pasto, com vaca, com cavalinho, não existia a cidade. Então, o shopping mesmo, só para você ter noção, saiu em 1980, o RibeirãoShopping é de 1980. Aconteceu muito rápido. Então, o centro da cidade hoje, por exemplo, a gente tem alguns investimentos pensando em investir no centro e é importante, por que que é importante a revitalização e o progresso do centro.

Juliana: Fernando, em Ribeirão Preto, na verdade, tivemos vários casos de obras abandonadas também, né? Foi um período difícil, isso melhorou, é claro, nos últimos anos, mas ficou muita coisa indefinida, né?

Fernando: Por exemplo, a revitalização do centro, nós podemos trabalhar ali bastante, igual está acontecendo em São Paulo. Nós temos exemplos, você nunca precisa inventar a roda quando quer fazer um trabalho de reintegração de uma região e trazer para o bem-estar da cidade. Hoje, por exemplo, no centro, nós temos aqui as vias públicas, tem tudo, hospital, temos a oportunidade de emergência que o governo do estado, estava entre a gente, Ribeirão, Campinas e Santos. Ribeirão foi escolhido, e não temos que ficar preocupados, qual deputado, quem foi que trouxe para a cidade.

Juliana: Fernando, e agora você está à frente da AEAARP aqui em Ribeirão Preto, e podendo também estar fazendo novos projetos, e contribuir para esse crescimento, né?

Fernando: Nós começamos agora até com a nossa assessoria, que nos orienta, que abrange, que a Daniela, né? Elas trouxeram as ideias da civilidade. Tem que dar o nome, não tem, e a gente só dá o jeito de desse negócio andar. Agora está vindo o Ribeirão Floresta.

Juliana: Queria que você comentasse, que é um projeto de reflorestamento, né?

Fernando: É um projeto que ele, pelo José Walter, é um agrônomo renomado que foi da secretaria do meio ambiente em Ribeirão, e a gente pegou o primeiro bairro perto de casa, qual bairro perto de casa, Jardim São Luís. Então nós ali, vamos fazer um trabalho que inicia no dia 31. Agora nós estamos trazendo dois técnicos qualificados de São Paulo. Eles vão cadastrar primeiro todas as árvores do bairro e depois nós vamos mapear.

Juliana: Mas esse é um projeto que hoje está encabeçado pela AEAARP?

Fernando: Isso, com o apoio. A AEAARP é muito aberta, então nós queremos todas as associações junto conosco. Hoje, nós já estamos quase com a OAB, com a Cipa, com a Rota, com o Lions, com o Sincovarp. Nós não somos holofotes, nós queremos que todo mundo trabalhe conosco. Essa é a filosofia da nossa AEAARP.

Juliana: Você pensa em sair como candidato?

Fernando: Eu não, nunca! Não, sabe por quê? Eu acho que estou numa fase da minha vida, eu quero fazer esse trabalho que estou fazendo aí de poder ajudar, de poder cooperar com a cidade, cooperar com as pessoas como profissional. E a política, ela é super importante, ela é necessária, a gente começa a fazer política em casa.

Juliana: Na sua opinião, o que falta para Ribeirão evoluir?

Fernando: Eu acho que falta uma caminhada muito longa ainda. Eu acho que agora o grande desafio do próximo prefeito que vai vir em 2025. Eu acho que parte de hospital, nós vamos estar bem. Depois, você vai ver escolas com dois professores falando inglês. Eu acho que esse caminho é só reestruturar. Nós temos escola. Por exemplo, você fala o que falta no sistema. Sesi, por exemplo. Está certo, e na área social tentar desmobilizar o máximo possível igual.

Assista a entrevista completa no nosso canal do Youtube:

Juliana: Nos Estados Unidos, na construção civil, o americano não vai à mão na massa. Às vezes, não quer fazer esse tipo de trabalho de mão de obra, não só na construção, mas em outras áreas também, né?

Fernando: Acho que isso é um negócio que num ciclo, né, que vai acontecer, mas eu não acredito, porque a hora que a gente industrializar a construção, você fala que o americano não quer fazer isso. Quer ver, é porque você vai numa obra dos Estados Unidos, e é tão industrializado até a caixa de escada. Vem e eles fazem a coisa metálica. O Brasil não chegou ainda, né, na visão da metálica. Esses prédios que você vê aí de 200 andares na Arábia, né? Tudo é metálico. O cara vai ficar completando viguinha não, ou se for fazer pré-moldado, faz uma mesclada.