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A graduação na estética com a Professora e Doutora Cristiane Soncino Silva
Compartilhe:Profa. Dra. Cristiane Soncino Silva: Referência em fisioterapia e coordenação acadêmica na FATESA
Profa. Dra. Cristiane Soncino Silva é fisioterapeuta e coordenadora na FATESA, com uma formação em Fisioterapia pela Universidade de Ribeirão Preto desde 1998. Além de ser sócia proprietária da CLÍNICA BELEMED, ela desempenha papéis-chave na coordenação do CST em Estética e Cosmética, CST em Gestão Hospitalar, bem como na coordenação dos cursos de pós-graduação e extensão nas áreas de Estética, Acupuntura, Saúde e Bem-estar na FATESA. Ela é uma das pioneiras do “BELEZA NA LATA” em Ribeirão Preto.
Confira:
Juliana: Hoje você construiu uma carreira muito bonita tanto na área da saúde, devido à sua formação em fisioterapia como também na área acadêmica, pois hoje você coordena essa questão de aprendizado na área estética. Eu gostaria que você compartilhasse para quem está em casa, como foi o início dessa carreira e como você fez essa transição para chegar onde está hoje?
Cristiane: Sim, eu comecei com o curso de graduação em fisioterapia e me formei em 1998 em uma universidade em Ribeirão Preto. Naquela época, não existiam residências para especialidades. Quem são especialidades, aqueles que não são da área da saúde, mas não são médicos, como enfermeiros fisioterapeutas, como eu. Eu fiz um aprimoramento no Hospital das Clínicas, na área de pneumologia, atuando na UTI, enfermaria e ambulatório. Eu tinha mais ou menos uns 23 ou 24 anos, sou de Jaboticabal, nascida lá.
Juliana: Doutora, quando foi o momento em que você entrou na área da estética? Porque naquela época, assim como você, tínhamos muitas restrições, não era o mercado que é hoje, não havia tantos cursos universitários.
Cristiane: É verdade, não havia cursos para atuar nesse campo. Quando me pediram para fazer limpeza de pele, fiz um curso tipo workshop com a Valmar e a Vita Térmica, empresas de cosméticos da época. Então, não tínhamos muita informação. Ao longo dos anos, por volta de 2010, 2012, 2014, começamos a ter mais informações, principalmente pelos conselhos profissionais, como o de biomedicina e farmácia. Os próprios conselhos começaram a criar especialidades, assim como a fisioterapia criou a especialidade de fisioterapia dermato-funcional. Então, ministrei aulas e fiz pós-graduação nessa área. Comecei a fazer uma transição de carreira. Eu acredito muito que essa transição pode ocorrer dentro da mesma profissão. Assim como um jornalista pode ser esportivo, científico ou de turismo, eu fiz uma transição de especialidade.
Juliana: Foi aí que começaram a ser lançados os cursos de graduação, porque até antes era só especialização, né?
Cristiane: É, não existiam cursos de graduação, então havia o técnico em estética, mas o técnico não é um graduado, então não podia fazer pós-graduação. A lei de 2018 começou a identificar e reconhecer quem poderia ser responsável técnico por serviços de estética, e aí entra a palavra “esteticista”, que é o graduado em estética. Um curso que coordeno na Fatesa, que varia no nosso país de dois anos e meio a três anos, formando esteticistas. Profissionais de outras áreas, como farmacêuticos, biomédicos, fisioterapeutas, biólogos, agora são estetas. O fisioterapeuta passa a ser fisioterapeuta dermato funcional, o biólogo é esteta, o farmacêutico é esteta, e assim por diante, quando começaram a surgir essas novas especialidades por meio dos conselhos. Houve também um avanço tecnológico por parte da indústria.
Juliana: Acho que também é a questão de termos mais tempo, porque, mesmo que fiquemos em casa, temos mais tempo de deslocamento para o trabalho, trabalhamos em Home Office, então começamos a pensar mais em nós mesmos, não é mesmo, doutora? Como você enxerga essa evolução do mercado? Porque você acompanhou essa evolução, não é?
Cristiane: Olha, fui convidada na Fatesa para ministrar workshop sobre mercado de trabalho e precisei estudar a parte econômica. Com a pandemia, as franquias e clínicas de redes começaram a se expandir para o interior, saindo das capitais, porque não havia mão de obra capacitada e habilitada para essas novas demandas. A estética continua em ascensão, com muitas unidades e clínicas precisando absorver profissionais, mas há poucas pessoas formadas. Com essa expansão das franquias, temos espaços cada vez maiores, tecnológicos e com demanda para todas as faixas etárias. Hoje, qualquer público, seja A, B, C ou D, frequenta uma clínica de estética.
Juliana: Isso não é uma questão de procura pela estética e na parte de profissionais, qual é uma faixa etária maior hoje que procura um curso de estética?
Cristiane: Temos na graduação pessoas que querem fazer transição de carreira, então, por exemplo, posso trabalhar com marketing ou indústria e quero entrar para a área da saúde. É uma possibilidade fazer graduação. As salas de aula são bem miscigenadas, desde aquelas pessoas que saíram do terceiro colegial já sabendo o que querem até quem está fazendo transição de carreira. Temos também uma parcela significativa de profissionais cuja especialidade agora é reconhecida pelos conselhos, como é o caso dos biomédicos, biólogos e farmacêuticos.
Juliana: É uma constante evolução, não é?
Cristiane: Muito. Os dados da pandemia e pós-pandemia mostram que a estética quase não sofreu com a crise, foi uma ascensão. A venda de cosméticos pelos aplicativos e de serviços de beleza aumentou. Então, aquela questão que você falou, acho que nós tivemos mais tempo para nos olhar e identificar o que dá para mudar, o que fez com que as pessoas realmente procurassem mais tudo que está relacionado à beleza, saúde e bem-estar.
Juliana: Eu acho que são vários pontos, além da pandemia, de estarmos em casa, então nos olhamos melhor. Mas acho que as redes sociais também influenciaram muito, especialmente eu, da área da comunicação. Acho que despertou um pouco esse olhar também, não é?
Cristiane: A mídia, e vou voltar um pouco antes das redes sociais, quando víamos muitas revistas como Caras. Lembro-me uma vez as pessoas ligando na clínica para ver se tínhamos um equipamento que a Débora Seco usou depois de ter filho, que Luana Piovani usou no primeiro filho, e depois saiu na revista. Enfim, as pessoas viam na revista e ligavam para a clínica pedindo o que viram. Essa influência dos meios de comunicação, né, e como conduzem. Por outro lado, tenho visto a comunicação voltada muito para combater a desarmonização, alertando sobre os riscos do exagero.
Juliana: É o que os profissionais de responsabilidade fazem, né, doutora? Por outro lado, também vemos muita irresponsabilidade nas redes sociais.
Cristiane: Sim, por falta de formação, agindo de forma empírica, no achismo, utilizando recursos, como equipamentos ou cosméticos, que não têm validade. E aí compram pela internet sem procedência. Existe uma imprudência por parte de alguns profissionais, mas tenho visto nessa história toda que o jornalismo ajuda bastante no combate à desarmonização.
Juliana: Doutora, porque agora, com a graduação, estamos falando de quatro anos de estudo para você obter um diploma. E isso também é importante destacar e falar sobre o diferencial de ser esteticista, ou seja, só pode ser chamado de esteticista aquele profissional que tem uma graduação?
Cristiane: Sim, nós temos um tempo de estudo, geralmente cerca de quatro anos, um pouco mais ou um pouco menos, considerando a graduação e a pós-graduação. O Ministério da Educação, para atender essa demanda de estética, que foi muito importante, criou cursos tecnológicos, que são diferentes do bacharelado. O curso livre melhora, ensina e aprimora técnicas, mas não habilita o profissional para o trabalho. Portanto, sempre é importante entrar na área fazendo uma graduação e, depois, uma pós-graduação.
Juliana: E como isso foi absorvido pelo mercado, pelo curso mesmo de graduação?
Cristiane: Os cursos de graduação, primeiro, tiveram um direcionamento pelo próprio Ministério da Educação, que estabeleceu o que deveriam incluir. E, segundo, falando pelo curso que eu coordeno, quando criamos o projeto do curso, olhamos muito para o mercado, para as tendências e para a prevenção de intercorrências. Ou seja, que tipo de profissional queremos que entre no mercado de trabalho e que tipo de trabalho ele desenvolverá com a sociedade. Analisamos muito o cenário regional e global, porque em alguns países a pessoa não precisa de um diploma específico para trabalhar com a pele, por exemplo. Mas aqui, tentamos olhar o máximo possível para ter uma qualidade. Adotamos um modelo educacional que utiliza metodologias ativas, como o aprendizado prático. Hoje em dia, é muito interessante ensinar porque antes aprendíamos com giz, transparências e projetores, mas agora temos inteligência artificial e simuladores.
Juliana: Doutora, hoje existe apenas um tipo de graduação na área da estética. Mas como ficou essa mudança de mercado a partir de 2018, quando começaram a surgir os cursos de graduação? Os cursos de especialização cresceram ou diminuíram? As pessoas começaram a optar mais pela graduação?
Cristiane: Olha, é bem variado. No sentido de quem já estava fazendo uma graduação, como por exemplo biomedicina e farmácia, continuou e agora vai para a pós-graduação, pois após a graduação ela habilita.
Juliana: Temos a questão da lei de 2018 e, nos últimos tempos, temos ouvido muito falar sobre isso. E agora, com o curso de graduação, o profissional se prepara por quatro anos para ser esteticista. Ele pode trabalhar com injetáveis, como é uma área médica ou não?
Cristiane: É assim, essas novas especialidades são pautadas na resolução de cada conselho. O biomédico tem a resolução da biomedicina estética, então ele só vai atuar mediante procedimentos que o seu conselho permite. O esteticista ainda não tem conselho, porque é uma profissão nova. Eles estão batalhando para isso. Quando falamos em “injetáveis”, ele até fala de invasão de orifício. Então, claro que não se faz cirurgia ou nada que atinja órgãos, são procedimentos minimamente invasivos, que envolvem apenas a pele. Recentemente, o Ministério da Educação, por meio do Enade, colocou esses procedimentos como parte do conteúdo programático. Quando o Ministério da Educação coloca isso, ele está indicando o que aquele profissional precisa estudar e aprender, porque cobra isso em uma prova do ENADE (Exame Nacional na área de educação). Claro que isso depende muito de cada região. A Anvisa sempre lança notas técnicas, então o profissional formado em estética precisa estar atento às resoluções da ANVISA e à vigilância sanitária, para ter uma atuação profissional de acordo com a normatização.
Juliana: E assim, quando a gente fala de 2018, é algo muito novo, não é? Ou seja, tem esse tempo de maturação, porque realmente precisa ter um conselho. Vamos falar da sociedade médica. Quantos anos você levou para ter toda essa evolução?
Cristiane: E assim, como a população, né? Quando procuro uma clínica de estética, o que preciso observar em um centro de beleza ou saúde integrativa? É importante observar se tem vigilância sanitária e se há a anuência dela para funcionar, se há um responsável técnico titular, se esses equipamentos estão em boa qualidade e se são registrados e validados pela Anvisa. Muitas vezes, as pessoas acabam se metendo em enrascadas, indo em lugares inadequados, seja em uma esquina, no fundo da casa de alguém ou até em um hotel, onde vemos essas clínicas irregulares. Portanto, a população precisa estar atenta para saber reconhecer um serviço de saúde de qualidade.
Juliana: Doutora, com esse avanço do mercado de estética, também houve mais visibilidade, talvez por conta das mídias sociais, mas também há questões de erros, não é?
Cristiane: É verdade. Eu vejo muito isso. Quando a pessoa busca algo simples, como uma massagem ou uma drenagem linfática, se não houver avaliação do paciente, pode causar complicações, como um pico hipertensivo, um infarto ou um AVC. Portanto, é importante avaliar antes de se submeter a qualquer procedimento, mesmo os mais simples, dentro da área da saúde estética.
Confira a entrevista completa em nosso canal do Youtube:
Juliana: Esteticistas podem ministrar cursos livres na área?
Cristiane: Quem faz a graduação em estética, assim como o fisioterapeuta, biomédico, ou qualquer profissional, para começar a dar cursos, qual é a trajetória mais comum? Faz uma graduação, depois uma pós-graduação, adquire a bagagem clínica, atende seus pacientes e aprende a resolver os casos clínicos. Aí você se titula como especialista, mestre, doutor, pós-doc, e vai acumulando seus títulos. Sim, quem faz uma graduação, como é o caso do esteticista, pode trabalhar com docência. Eu tenho uma grande dificuldade, até hoje, nunca recebi um currículo de um esteticista com mestrado e doutorado. Isso quer dizer que ainda há muito mercado de trabalho para aqueles que se graduam em estética.