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Conheça o tenor Thiago Arancam, famoso por interpretar o Fantasma da Ópera
Compartilhe:Thiago Arancam é tenor lírico brasileiro, famoso por interpretar o Fantasma da Ópera na passagem do musical pelo Brasil em 2018
Thiago Arancam é um renomado tenor brasileiro nascido em São Paulo, conhecido por sua poderosa voz e suas performances emocionantes. Ele começou sua carreira como cantor de música popular no Brasil, mas logo se destacou no mundo da ópera.
Arancam recebeu treinamento vocal clássico na Itália e estreou em importantes teatros de ópera ao redor do mundo. Sua carreira internacional decolou quando ele interpretou papéis principais em produções como “Carmen”, “La Traviata”, “Rigoletto” e “Tosca” em teatros de renome, incluindo o Teatro alla Scala em Milão, a Ópera de Paris e o Metropolitan Opera em Nova York. Sua voz potente e expressiva conquistou tanto o público quanto a crítica especializada.
CONFIRA:
Juliana: Thiago, são muitos anos e uma carreira muito consolidada que você tem, né? Sempre foi com a música desde os seis anos de idade. Como é que você entrou nessa carreira, né?
Thiago: Eu comecei pequenininho aqui em São Paulo, sou natural da capital paulista. Iniciei no coral infantil e ali aprendi grandes clássicos da música brasileira e internacional, incluindo “Os Sonhos” e milhares de outras canções. Fiz uma analogia utilizando seu nome, que são músicas conhecidas do público por fazerem parte de grandes propagandas, como a famosa “Me dá um corneto”. A partir desse estilo de música, continuei no coral infantil, me aprimorei e estudei na Escola de Teatro Municipal de São Paulo. Posteriormente, cursei uma universidade de música e, em seguida, fui para a Itália, onde me tornei o primeiro brasileiro diplomado no Teatro La Scala em Milão, que é considerado o Templo da Ópera mundial.
Juliana: Essa voz, você sempre teve esse dom? Ou você foi desenvolvendo isso ao longo dos seus estudos, como foi?
Thiago: Eu sempre tive essa predisposição natural, digamos que é parte do campo lírico que requer aquela voz com alta impedância, que dá para projetar sem o microfone. Claro que fui aprimorando ao longo da minha vida e do meu desenvolvimento físico como ser humano, porque a voz evolui, né? Desde menino, sabia que minha voz passaria da região do sopranino para a voz masculina, mas os estudos ajudam nessa formação. Sempre tive aquela voz que se destacava, sabe? Eu estava no coral, fazia os solos, e as pessoas se encantavam. Hoje em dia, vejo muito disso em meu segundo filho, Francisco, que tem quatro anos. Ele também abre a voz, é um vozeirão ecoando.
Juliana: E a sua família, Thiago, tem outros músicos?
Thiago: Não, ninguém em casa. Minha mãe tem um excelente gosto musical, mas não é da profissão, embora tenha me acompanhado em um coral, mais para me estimular e ser uma companheira que me desse esse estímulo. Mas não temos profissionais da música na família.
Juliana: E hoje você mora no Rio de Janeiro?
Thiago: Não, eu moro em São Paulo, na região da Grande São Paulo, em Alphaville. Voltei para o Brasil com o projeto “O Fantasma da Ópera” e reconectei minhas raízes com o país. Tenho família na região de Ribeirão, e também em Araraquara. Tenho primos que moram em Ribeirão Preto, e já visitei a cidade várias vezes a passeio. Esta é a minha segunda vez como profissional artístico falando, e a primeira no Theatro Pedro II.
Juliana: O seu espetáculo aqui no dia 6 de abril é um projeto seu, que é voz e piano, e você traz meio que um resumo da sua carreira, né?
Thiago: Então, quase batendo os 30 anos. Comecei a cantar profissionalmente com seis ou sete anos de idade. Vamos falar da carreira internacional, quase 20 anos de carreira que iniciei no Brasil aos meus 10 anos de idade. Tenho 42 hoje, para a voz é um tenor jovem, porque a voz amadurece, sempre somos jovens. Esse espetáculo que trago a Ribeirão é muito interessante. E propriamente para esse espetáculo em Ribeirão, trago um pouco do supra-sumo daquilo que venho interpretando ao longo de tantos anos de carreira. Vieram ao longo dos anos com ações populares que agradam a todos, para todos os gostos de estilos musicais, para toda a família. Desde Elvis Presley, Frank Sinatra, Jimmy Fontana até Roberto Carlos. São músicas que agradam a todos.
Juliana: Inclusive, dentro dessa apresentação, você tem trechos do Tributo aos Três Tenores, né? Que foi um trabalho muito bacana que você desenvolveu, uma homenagem à José Carreras, Luciano Pavarotti e Plácido Domingo, né?
Thiago: Sim, ao longo do ano passado e continuarei este ano, a partir da metade do ano, essa turnê ocorre, é uma homenagem aos Três Tenores. Sou especialmente alinhado com Domingo, que é um dos senhores. Temos uma relação de amizade e de trabalho. Sou o único brasileiro que ganhou três prêmios no concurso Operária, que é realizado por ele há mais de 30 anos. Cada ano, a edição é em um país diferente do mundo. A minha edição foi em Quebec, no Canadá, em 2008. Então, faço uma verdadeira homenagem a esses gênios da música clássica, que foram precursores no movimento de popularização e democratização dessa música. Levo o melhor desse repertório, interpretando como um tenor, que é a base da minha formação artística, cantando esses trechos.
Juliana: Thiago, como é para você hoje ser considerado um dos maiores tenores e intérpretes da música?
Thiago: Acredito que isso é resultado de uma construção de fatores. A cada nova etapa, penso que saí muito cedo e fui um pioneiro em muitas frentes que talvez para os brasileiros fossem inacessíveis. Hoje temos grandes talentos percorrendo o mundo, tantas pessoas que encontro e dizem: “Nossa, você foi uma inspiração”, ou “Meu filho hoje se inspira em você”. Essa questão de ser o maior ou melhor são considerações que talvez alguém tenha feito por conta da magnitude da carreira. Mas penso no dia a dia em estar construindo sempre um legado, deixando uma marca dessa arte para o nosso público e para os artistas que virão depois de mim. Fico feliz em receber esse reconhecimento, dado de fato pela carreira, pelas provas vivas da carreira, como os prêmios e os títulos, mas no dia a dia, acho que o mais importante é fazer com alma, com coração, e entregar o melhor para o público naquele momento.
Juliana: Como você enxerga essa evolução ao longo desses anos no mercado da música mais clássica, mais lírica?
Thiago: Tínhamos no passado grandes cantores líricos, como Bidu Sayão, uma grande soprano brasileira na época de 20 e 30, considerada o “Rouxinol brasileiro”, uma grande cantora de destaque internacional. João Gibin, um outro grande tenor, entre outros que representavam o Brasil lá fora. E nosso grande compositor, o maior compositor que é de Campinas, Antônio Carlos Gomes, considerado o maior compositor brasileiro de grandes obras estreadas em Milão e tantos outros países. “O Guarani”, que é a abertura famosa da Voz do Brasil, é o tema principal da abertura dessa ópera. Ao longo desses anos, me espelhava nesses modelos de artistas que conseguiram desbravar esse mundo. Obviamente, na época em que iniciei isso, anos e anos atrás, a comunicação era mais difícil, o contato com essa arte era mais restrito. Vejo hoje uma facilidade enorme, por conta dos meios de comunicação, pelo fato das pessoas terem acesso a tudo isso. Vejo uma mudança quase radical. Na minha época, tínhamos poucos talentos, poucas orquestras, poucas ações. Hoje, existem vários grupos que fazem isso profissionalmente, lotam teatros
Juliana: O “Fantasma da Ópera” foi um divisor de águas na sua carreira em termos de, talvez, um dos mais importantes que você tenha assumido?
Thiago: Ele foi um divisor de águas em tantos fatores. Ele me trouxe ao Brasil numa fase da carreira em que eu executava cerca de 14 a 15 produções anuais, com repetições de espetáculos, então eram cerca de 80 apresentações dentro e fora do Brasil, em diversos países, uma média de 20 a 22 países. Então, eu tinha uma vida muito itinerante, e o “Fantasma” foi o primeiro em que eu fiquei fixo num teatro, executando sete apresentações semanais, de quarta a domingo, com repetições aos sábados e domingos. Para dizer que tinha de 6 a 8 apresentações, não dava, em países ou cidades de teatro outra produção. Então, o “Fantasma” foi uma divisão, depois, ao me reconectar com o Brasil artisticamente para o grande público. Foi um projeto de grande magnitude midiática, fizemos praticamente todas as imprensas e é um espetáculo internacional da Broadway. Fui duas vezes à Broadway, uma vez com o embaixador do “Fantástico” da Rede Globo para fazer uma matéria e depois com o Estadão de São Paulo para entrevistar o diretor principal, que foi o cara que montou o espetáculo junto com o compositor.
Juliana: E como surgiu a oportunidade? Como foi essa oportunidade?
Thiago: Olha, eu estava num momento da carreira em que tinha várias opções fora do Brasil e também um projeto conectado aqui no Brasil para a democratização da música, onde eu seria a linha de frente. Não queria deixar a vida de um personagem ou contrariar a história num enredo, como era na obra, como era no musical. E nesse momento de transição, recebi um convite para os testes do Fantasma da Ópera. Jamais imaginei que faria parte, não tinha a mínima vontade em realizar porque vivi o teatro vivencial por longos anos e não queria estar numa produção específica. Meus empresários, com muito tino, começaram a me mostrar a magnitude que seria esse projeto, como foi, evidentemente, para mim. Fiz os testes, me aceitaram, queriam eu como um Fantasma da Ópera. Fui a Nova York para fazer uma audição com o departamento artístico da Broadway. E aí, cancelei minha vida como um Fantasma da Ópera, e ali começou a minha vida, como eu contei brevemente, o que foi o Fantasma da Ópera.
Juliana: Thiago, e o Fantasma da Ópera enfrentou um período difícil com a pandemia, né? Como foi esse momento na sua vida? O que a pandemia te trouxe?
Thiago: Foi um momento muito complicado na vida de todo mundo, especialmente na classe artística. Sendo uma profissão onde seu público não está presente, não há vida, né? Tínhamos essa comunicação ativa hoje, como realizando esta entrevista, de forma leve e solta, porque sabemos que podemos estar juntos, abraçar e fazer tantas outras coisas que na época não podíamos. Eu, como a grande maioria dos artistas, comecei a usar os recursos que tinha, dadas as limitações que iam ocorrendo. Fiz várias lives cantadas, um especial na televisão, onde levei a música numa sexta-feira no “Brasil na Band”, que foi um projeto idealizado pela TV Bandeirantes, fiz projetos no drive-in, onde praticamente os carros ficavam parados. Fui também a Ribeirão Preto num projeto do SESI, num projeto cultural do SESI, onde num teatro para 400 ou 500 pessoas, poderiam estar lá 80 ou 100 pessoas, com aquele distanciamento. Era um momento complicado, era muito frio para o artista, porque o artista vive do calor intenso do público, dessa troca de energia. Mas eu sabia que de alguma forma poderia contribuir para a felicidade das pessoas mesmo estando longe. Não só para o artista, é poder expandir aquela emoção que ele tem dentro, porque nós, no palco, nos realizamos nos doando. Eu sabia que estava ali, de certa forma, olhando para a câmera, não vendo o público, mas alguém do outro lado estava recebendo esse carinho, aquela música que, naquele momento, a fazia estar num outro estado de alma. Sair de toda aquela situação foi complicado, foi difícil, graças a Deus saímos desse pesadelo, sobrevivemos, podemos de alguma forma agradecer por estar vivo.
Juliana: Quando você está no palco, qual é a tua preferência, do que você gosta mais de interpretar?
Thiago: Olha, eu fui pé de grandes óperas líricas, de grandes músicas que marcaram épocas. É óbvio que quando vem aquele trecho de ópera memorável, né, como nesse “Norma”, eu me espelho nos grandes tenores do passado, desde Luciano Pavarotti, que é muito popular nos dias de hoje, como Caruso, até Domingo, do passado. Quem é mais fanático de ópera sabe desse personagem que estou falando. Mas eu me inspiro muito na emoção do momento e naquela vibração. É no palco que a magia acontece, mas é um espelho nesses grandes ídolos, e dou o meu máximo, né, com toda a humildade.
Assista a entrevista completa no nosso canal do Youtube:
Juliana: Bom, você trabalhou também ao lado de grandes nomes. Estamos falando de João Carlos Martins, como também da música internacional, como você comentou da questão do Plácido Domingo. Como foi essa experiência para você?
Thiago: Evidentemente, conhecer os grandes ídolos nos deixa feliz e ao mesmo tempo dá uma responsabilidade, né, de dar continuidade nisso. Mas eu jamais imaginava um dia que eu encontrasse, conhecesse, cantasse, ou até mesmo fosse dirigido por ele, contratado, vencesse os prêmios, como o Plácido, né? Que é um dos maiores tenores do mundo, sem dúvida, é o maior legado do mundo da ópera, o maior intérprete no Brasil, absoluto de apresentações, de profissões, números, enfim. E o João Carlos Martins, nosso maior maestro fenômeno, é um ser humano ímpar, né, com toda essa história de superação, essa paixão pela música, a formação que ele faz, a continuidade do trabalho, a influência que ele gera na vida de crianças, de pessoas de todo o universo musical, e não só a pessoa que ele é. E outros grandes talentos que eu conheci, pessoas talvez que não tenham essa imensidão midiática, mas que também contribuíram para a minha formação, no trabalho, na carreira, na construção desse trabalho.