Livro resgata história de 100 anos da escola Estadão - Juliana Rangel

Livro resgata história de 100 anos da escola Estadão

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Jaboticabalense nato e com 27 anos de experiência na educação, Angelo Benetti tem 54 anos e hoje faz parte da história de uma centenária de Jaboticabal – a Escola Estadual Aurélio Arrôbas Martins, o Estadão. Como vice-diretor está em uma missão junto com professores e historiadores – a de resgatar os 100 anos do colégio público em um livro. Da época do diretor Rolando, quem não se lembra dele? aos dias de hoje. É o que ele fala na entrevista a seguir.

Há quanto está na escola estadual?

Já passei por várias escolas desde que comecei a lecionar. Vim removido para a EE Aurélio Arrôbas Martins em 2013.  Em 2014 fui designado como professor coordenador pedagógico na mesma escola. Fiquei como coordenador por pouco tempo, sendo convidado para desempenhar a função de vice-diretor da escola. Permaneci na vice direção até a remoção da então diretora para outra unidade, quando assumi a direção ficando até janeiro de 2016. Hoje estou como vice-diretor novamente, auxiliando o diretor Adriano Carlos Fernandes.

E como é para você cuidar da escola no ano em que se comemora 100 anos?

É um desafio muito grande. É como se tivesse que matar um leão por dia. Hoje, a EE Aurélio Arrôbas Martins acolhe cerca de 1.200 alunos vindos de todos os bairros da cidade, ou seja, são pensamentos, atitudes e comportamentos diferentes. Um lugar onde se vive com discrepâncias sociais e comportamentais. Por oferecer Ensino Fundamental, séries finais, em tempo integral, a população recorre ao Estadão. Há muita procura por matrículas em nossa escola tornando-a a mais procurada.

Como está a produção do livro que resgata essa história?

Em 2016, o historiador Luiz Carlos Beduschi nos procurou apresentando um cronograma de eventos para comemorarmos o centenário do Estadão. Ficamos lisonjeados com interesse de pessoas que celebram e reverenciam nome da escola. Dentre os eventos destaca-se a elaboração do livro que contará a história do patrono Aurélio Arrôbas Martins e da própria escola, anteriormente chamada de Ginásio Sam Luiz. Este livro será de autoria de historiadores e escritores da cidade. Encabeçam esse projeto o próprio professor Luiz Carlos Beduschi, Dr. Dorival Martins de Andrade, professora Zina Maria Bellodi e professor Antonio Pascoal André.

Quando será lançado e qual o conteúdo?

Ainda não tem uma data específica. O livro está em fase de acabamento e será lançado ainda neste ano dentro das comemorações do centenário, na própria escola.

Tem alguma história bem curiosa que será contada no livro? Qual?

São vários temas que aparecerão no livro. É difícil  selecionar algum. Só sei que será uma obra saudosista que certamente entrará para os anais de nossa cidade e quem sabe de nosso País. Falo isso porque quem conhece a história de uma escola que foi comparada com o Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, em termos educacionais, o livro promete.

Na pesquisa do acervo da escola, o que mais foi possível resgatar?

Foram resgatados documentos que datam antes de 1917 quando o professor Aurélio Arrôbas Martins adquiriu a escola que pertencia a família Tódaro. Além de documentos, aparecerão nomes que ilustraram uma parte da história de nosso País. Pessoas que se destacaram nos campos educacionais, político, artístico, esportivo, cientifico entre outros.

 Uma escola centenária que sempre foi referência de ensino no Brasil. Ainda é assim mesmo com tantas mudanças na educação pública?

Os índices atuais, ainda, indicam que a escola não perdeu suas características na transmissão de conhecimentos e formação de cidadãos. Sabemos que o atual sistema educacional, principalmente no estado, deixa muito a desejar e que a educação é relegada a último plano. Porém, o Estadão ainda apresenta excelência educacional. Como referências temos índices crescentes e positivos nas avaliações estaduais e federais como: Saresp, Enem e Prova Brasil.

Por muitos anos tivemos à frente do Estadão, o educador Rolando, que tinha a escola como sua paixão. Como são suas lembranças desta época?

Não cheguei a trabalhar com o professor Rolando, mas tinha muita admiração por ele. Quando fui professor coordenador em outra unidade escolar ele queria que eu saísse e viesse como coordenador para o Estadão. Tenho uma irmã que trabalhava diretamente com ele e quando soube que estava em outra escola ele ficava cobrando para que viesse. O professor Rolando foi uma pessoa que sabia reconhecer o profissionalismo das pessoas. Tinha três paixões: a família, o Estadão e o time do São Paulo. Era um são-paulino tão fanático que quando o seu time ganhava ele colocava o hino para que todos compartilhassem de sua alegria.

E hoje, o que vem pela frente na escola?

A tendência da escola é continuar se aprimorando, por meio de seus profissionais, quanto a educação (transmissão de conhecimentos) de seus alunos. Quanto ao seu aspecto físico, a escola está em processo de tombamento e necessita de uma reforma geral.

Como o senhor avalia hoje o ensino público?

Precisa-se de um programa educacional que apresente resultados satisfatórios em todas as áreas do conhecimento. Há necessidade de um programa educacional que tenha sequência e não se transforme em mais um perdido no tempo e no espaço como tantos que já passaram pelas escolas brasileiras. Entra e sai governo e cada um quer deixar sua marca. Não há uma continuidade. Não aprenderam que a educação pode mudar um país. Há necessidade de melhorias e para que isso ocorra tem que se valorizar o profissional da educação. Desde a década de 60 há um sucateamento do nível profissional e nada fazem para melhorar. A escola tem que deixar de ser assistencialista e fazer cumprir o seu papel de transmissora de conhecimentos. O ensino público está repleto de deficiências e desigualdades. Trabalham universalizando o conhecimento e desrespeitando as características regionais. Para que se tenha uma escola pública de qualidade é necessário respeitar a identidade e a autonomia das escolas.

O Estadão ainda tem aquela rigidez de antigamente, para entrada e saída, estudos?

Não, os tempos são outros. Hoje é escola para todos, mas são poucos que querem usufruir. Antes elitizava-se e eram poucos que tinham acesso a uma escola na qual pertenciam territorialmente. Avaliava-se boletins pra ser ter acesso a uma escola de qualidade. Para se estudar hoje, ou seja matricular-se, tem a geolocalização que obedece a setorização do aluno.

Quantos alunos já passaram pela escola nesses 100 anos?

Desde a sua fundação, é difícil apresentarmos um resultado preciso, mas passa dos 50 mil alunos.

O que vem dentro da comemoração dos 100 anos?

De início teremos o Culto Ecumênico, no dia 25 de agosto, que abrirá as comemorações. Ai segue: desfile comemorativo aos 100 anos do estadão e do Tiro de Guerra local; Chá com sorteios de prêmios, no dia 23/09; Garoto e Garota do centenário no dia 06/10; caminhada pelas ruas centrais da cidade no dia 28/10; Sessão Solene da Câmara Municipal que homenageará 100 pessoas com a medalha do centenário (ainda sem data); Jantar Dançante no dia 11/11 e na primeira semana de dezembro, desfile da fanfarra e inauguração da exposição Estadão 100 no Shopping Jaboticabal.

 

 

 

 

Foto: Divulgação