SÓCIA DA SBS MOTOS: O PROTAGONISMO FEMININO DE SANDRA BRANDANI PICINATO - Juliana Rangel

SÓCIA DA SBS MOTOS: O PROTAGONISMO FEMININO DE SANDRA BRANDANI PICINATO

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Sandra Brandani Picinato tem 63 anos, é formada em Administração de Empresas pela Unaerp desde 1981, é casada com Luiz Henrique Picinato, que é dono de uma empresa de doces, chamada KI-DOÇURA, especializada na fabricação de chocolates, balas e confeitos para distribuição. Juntos integram o Rotary Club.

Tem dois filhos, a Sofia de 32 anos e o Luiz com 30 anos, onde ambos estão na sucessão da empresa SBS – loja de peças e acessórios para motos com 40 anos de existência, em que Sandra é proprietária, juntamente com sua irmã Silvia. Hoje contam com 127 colaboradores, sendo 11 filiais e uma matriz. Em 1983, a SBS começava suas atividades no ramo de peças e acessórios para motos e barcos, voltados para o atacado e varejo com o objetivo de valorizar e proporcionar proteção à vida do motociclista.

Também participa do LIDE E LIDE MULHER de Ribeirão Preto, faz parte da ACIRP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto) como vice-presidente e acredita que neste semestre irá assumir como primeira presidente depois de 119 anos de uma associação comercial totalmente machista.

Gosta de trabalhar, tem paixão pelo que faz, e segue abrindo filiais da SBS com o lema: cuidando, seguindo e evoluindo em prol do motociclista. Como hobby, gosta de passar os finais de semana na chácara e regar plantas, atividade que leva duas horas. Adora viajar, cuidar da própria saúde e leva uma vida tranquila.

Para falar melhor sobre sua história, Sandra participou do Podcast Pode Mulher. Acompanhe:

Juliana Rangel: A gente tá falando aí de 40 anos atrás né, então imagino assim, óbvio que tinha seu pai ali, a figura masculina e tudo mais, mas você muito nova entrando num universo 100% masculino. Nesta época você já era casada ou ainda não?

Sandra Brandani Picinato: Não, não era casada. Eu entrei na SBS, na verdade, meu pai me pois pra abrir portas de aço. Eu lembro que a loja que eu tava era um prédio alugado, eu tinha quatro portas grandes de aço para abrir e família de italiano não mede esforço da mulher e do homem né.

‘’Já que você se propôs a trabalhar, então você vai trabalhar realmente’’ e nessa época, abriu a loja eu e meu primo e eu comecei a ficar no balcão, a ficar no caixa, eu comecei a ficar no faturamento, em todos os lugares e a empresa cresceu muito rápido porque com a Plasmutecnica a gente vendia no atacado, então a minha empresa começou a distribuir a nível de Brasil, então foi tudo muito rápido na minha vida.

A minha empresa em um ano, em 84, ela cresceu 1000%, então eu abri ela em fevereiro de 83 quando chegou dezembro de 83 mesmo, eu tava com um crescimento de 1000%.

Juliana Rangel: E por que que nessa época foi uma divisão tão diferente, Sandra (1% nos negócios da família)?

Sandra Brandani Picinato: Por eu ser mulher e família de italiano. Porque meu pai tinha medo dos agregados que entravam e iam participar de todo um processo que ele construiu, junto que ele tinha um filho italiano. Então quando eu fui despontando e trabalhando e fazendo crescimento e tudo mais, eles ficavam assim aterrorizados.

Juliana Rangel: Ó, mas vamos falar um pouquinho dos seus desafios como mulher, como que você enxerga a mudança, por exemplo, assim de atuação e você e sua irmã como mulher há 40 anos, quando vocês começaram e nos dias de hoje?

Sandra Brandani Picinato: Na verdade, era assim, eu ia pro balcão porque eu vendia também porque eu tinha que fazer várias funções: comprava, vendia e tudo mais, e quando eu falava alguma coisa pra algum homem no balcão, ele não acreditava.

Então, por exemplo, teve um caso uma vez que foi um cliente lá e a corrente dele era 525 e aí eu falei pra ele ‘’a sua moto leva uma corrente 525’’, ele olhou pra mim e falou assim ‘’mas que palhaçada… como que uma mulher vai saber que é uma corrente dessa que vai usar? Não vai usar isso’’, eu falei ‘’então tá bom, pera um minutinho só que eu vou chamar o gerente da empresa porque ele é homem’’, mas eu fazia como que eu era uma funcionária e aí o meu primo veio, que é esse que está comigo até hoje.

Ele pegou e falou ‘’olha, a corrente seria 525’’, ele falou ‘’olha, vou fazer um negócio, eu vou levar a 520 porque eu também acho que você não sabe’’. Então quer dizer, ele não deu a credibilidade porque eu já tinha falado que era 525 e ele foi embora pro mecânico. Meia hora depois ele voltou, aí ele pegou e falou assim ‘’até que você sabe as coisa porque a corrente é 525’’.

Juliana Rangel: Você nunca bateu de frente de falar ‘’olha, confia no que eu estou te falando’’, por exemplo? De te incomodar esse machismo?

Sandra Brandani Picinato: Não porque o machismo é muito grande, então eu ia nas feiras, me comportava naturalmente, chegava, eu entendia de todas as peças, comprava, sempre homens né, sempre briguei pelos meus centavos, brigo muito pelos meus centavos sim e ninguém praticamente me passa para trás de um modo geral porque como diz meu marido ‘’italiana bruta é você né, Sandra’’.

Então, eu sou feliz comigo mesmo porque eu nunca olhei o vamos dizer assim ‘’o quintal do vizinho (concorrente)’’, eu olho o meu quintal. A mulher que empreende tem que aprender a olhar o quintal dela. Agora, quando eu começo a olhar o quintal da vizinha, esse é o problema.

Confira abaixo a entrevista completa no Podcast Pode Mulher: