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41 ANOS NO ESPORTE: VEJA A TRAJETÓRIA DO CAMPEÃO BRASILEIRO DE SKATE RUI MULEQUE
Compartilhe:Representante do street skate brasileiro, ídolo dos adolescentes nos anos 80, membro da Lifestyle, além de cinegrafista profissional. Esse é Rui Muleque.
O atleta começou a andar de skate por causa do seu irmão, quando ele trocou um tênis por um skate e enquanto ia trabalhar, Rui o pegava escondido. Isso como brinquedo em 1982, e seis meses depois, descobriu que era um esporte com pistas e manobras. Sempre gostou de andar no gás, de manobras altas ou estendidas.
Em 1986, a convite do Mauro e Lecuk entrou na Lifestyle, uma pequena estamparia que fazia camisetas com tema de skate. Logo, começaram a fazer experimentos de madeira e resina epoxi para produzir shapes de skate, sendo o model Muleque (do estilingue) o primeiro shape resinado do Brasil (resina epoxi), fora outros 5 models personalizados que lançaram de sucesso.
Rui teve seu primeiro model em 1987, e em 1988 se tornou profissional. O skate estava em alta no Brasil e ele fazia parte da Lifestyle, uma das equipes de maior prestígio no esporte, a única que integrou até hoje. Em 1989, entraram com muito otimismo, o skate estava se estruturando e consolidando como o esporte das massas. Televisões, jornais rádios, todos queriam divulgar o esporte que estava contagiando os adolescentes. No ano seguinte, machucou sério nos treinos na Alemanha e não se recuperou há tempo de competir no mundial da França.
Também foi instituído o circuito UBS com três etapas – Guaratinguetá, Pirassununga e São Paulo (no ginásio do Pacaembu), no meio do circuito, surgiu a oportunidade de ir para o mundial da Alemanha onde participariam os principais atletas americanos. Era um sonho que até então parecia distante das mentes dos skatistas brasileiros, mas deu certo e Rui ocupou o 18º lugar nesta competição internacional.
Deixou de competir com skate em 1992 e mais tarde, com a ajuda do Mauro e Lecuk da Lifestyle, veio pra Ribeirão Preto abrir sua primeira loja, onde ficou por nove anos com loja de skate, promovendo eventos, patrocinando atletas e trabalhando nesse mercado.
O atleta ainda coleciona no seu currículo o título de cinegrafista profissional, em que trabalhou de 2001 a 2010 em TVs, como MTV, Canal Rural e Rede Gospel.
Uma curiosidade é que apelido surgiu quando cortou o cabelo bem curtinho, mas sempre usou ele mais comprido, e durante um campeonato em Moema, São Paulos, seus amigos brincaram e pediram para o dono da Lifestyle, onde tinha acabado de entrar, o inscrever de surpresa como Rui Muleque pela aparência mais jovem e o apelido pegou.
Para falar melhor sobre sua história, Rui Muleque participou do Podcast Juliana Rangel News. Acompanhe:
Juliana Rangel: Rui, quando que o skate entrou na sua vida? Você tinha quantos anos?
Rui Muleque: Eu comecei tarde, visto por hoje, hoje a galera começa de pequenininho. Hoje a gente tem pais que são skatistas, que a criança ficou de pé, ele já pois em cima do skate e saiu empurrando.
Mas, eu comecei com 15 anos de idade, comecei em 1982, em 1988 passei para profissional, me tornei profissional e em 1989 fui campeão brasileiro pelo Circuito UBS, eram três etapas. Então, sou tido como o primeiro campeão brasileiro através de circuito né, que é o que rege até hoje.
Juliana Rangel: Mas, você veio pra Ribeirão Preto por quê? O que que te despertou aqui?
Rui Muleque: Na verdade, o que aconteceu, tinha uma loja que chamava Corsário, que era ali na Meira Júnior, próximo do Viaduto da Independência ali, e eu já vim umas três vezes na inauguração da loja, depois mais outras duas vezes para fazer apresentação de skate em 1988/1989.
Juliana Rangel: Como profissional?
Rui Muleque: Como profissional, aí em 1990 veio o Plano Collor, foi muito difícil, as marcas da noite para o dia já não tinham mais condições de manter as equipes, pagar salário para atleta.
E nessa época quem andava de skate, que era profissional, que vivia de skate, foi obrigado a deixar o esporte para poder se manter né. Então a galera que tinha mais de 20 anos, parou de andar de skate e foi trabalhar em outras coisas. Eu já ia fazer isso, só que eu tinha acabado de ser campeão brasileiro.
Juliana Rangel: Estava no auge, né?
Rui Muleque: Fechei 1989 no finalzinho, a última etapa foi começo de dezembro, se eu não me engano, e aí entrei nos anos 90 para desfrutar do título e em abril de 1990 já veio o plano Collor e arrebentou o mercado.
Aí nessa época eu estava procurando alguma coisa pra fazer, mesmo se fosse fora do skate, e o meu patrocinador chegou e falou ‘’meu, você é o atual campeão brasileiro, é um dos maiores nomes do Brasil…’’, eu queria vender churros na porta do mercado.
Falei ‘’vou comprar uma máquina de churros e vou vender churros ou montar uma bomboniere né’’, você viu que é só doce né, que eu falei ‘’se não der certo, eu como tudo’’.
Mas, a gente estava tentando se agarrar a alguma coisa né e com 22 anos, da noite pro dia já não tinha mais campeonato, não tinha mais apresentação, não tinha mais salário.
Juliana Rangel: E aí ao invés de vender churros, você falou ‘’não, eu vou abrir uma loja de peças e de skate’’?
Rui Muleque: O dono da Lifestyle, dono da marca que me patrocinava, falava ‘’meu, você é o atual campeão brasileiro, é um dos maiores nomes do Brasil e vai vender churros na porta do mercado, vai montar uma bomboniere? Tenta se manter no esporte porque toda crise ela vem e vai, ela tem um começo, meio e fim, uma hora vai acabar isso aí. Então tenta se manter de alguma coisa, ou monta uma marca de skate ou uma loja de skate né.
E aí começamos a trabalhar essa ideia e mesmo em 1990 com toda essa dificuldade, ainda fui pro Mundial da Alemanha e da França pela Lifestyle e quando voltei, a loja da Corsário que era aqui em Ribeirão Preto, ela estava fechando por causa da crise e tudo.
E eles estavam passando o ponto, era uma loja que tinha mini hemp da frente da loja e um half- pipe atrás, já uma estrutura legal e eles ofereceram o ponto pro dono da Lifestyle e aí o dono da Lifestyle falou ‘’se você quiser, tiver, a gente entra de sócio lá e abre essa loja, daqui a pouco ela engrena e você faz sua vida em Ribeirão Preto. O que você acha?’’.
Falei ‘’ah, por mim, vambora. Aí vim de mala e cuia sem conhecer ninguém, já conhecia a cidade’’, aí formei amigos, hoje eu tenho Ribeirão Preto como a cidade do coração.
Juliana Rangel: Você fez sua família aqui, né?
Rui Muleque: Sim, a minha esposa é daqui, a Rita. Tenho um filho também, nasceu aqui o Victor e eu amo Ribeirão Preto.
Hoje eu dou aula de skate né, a gente tem o nosso espaço, a nossa pista particular, fica no Clube Mogiana, ali na Vila Virgínia. A gente aluga uma das quadras lá desde 2008, 2009 e tem a nossa pista montada lá. A pista nasceu da necessidade de onde guardar as rampas dos eventos.
Eu tenho comigo que duas coisas que podem tirar a criança ou adolescente da ociosidade que é a música e esporte porque se entra, se pega mesmo, se apaixona por aquilo, se dedica e está fazendo uma coisa que te dê prazer e o skate tem muito disso.
Confira abaixo a entrevista completa no Podcast Juliana Rangel News: